19 de abril – Dia dos Povos Indígenas

19 de abril – Dia dos Povos Indígenas

Por: O Poder Popular ·

Por Comissão Nacional de Comunicação/Agitprop – CNMO

O dia 19 de abril não é uma data comemorativa. Sequer foi representativa durante décadas, pois se referia ao boicote do Congresso Indigenista Americano (1940, México), cujo o “representante” indígena do Brasil na ocasião, era um antropólogo branco. A pressão pela construção de uma identidade nacional na década de 1940 varguista formalizou a data no calendário, porém com a intenção de homogeneizar mais de 300 etnias existentes no território brasileiro a uma única categoria: “índio”.

Nos últimos 4 anos, enfrentando além da atuação de grileiros e garimpeiros, como o avanço das pautas anti indígenas – a exemplo do sucateamento da FUNAI e também o projeto do Marco Temporal – que culminam na discriminação institucionalizada, na não demarcação de territórios e entraves nos processos em andamento, assassinatos de lideranças, trabalho escravo, tráfico humano e exploração sexual de mulheres e crianças, a população indígena enfrentou também a pandemia de Covid-19, aproveitada pelo governo fascista de Jair Bolsonaro, para aumentar os ataques aos povos originários, seja com o atendimento médico inadequado ou inexistente para a doença e o não envio de recursos e vacinas, gerando um agravamento nas condições de vida já precarizadas e mais mortes.

A política de extermínio do último governo presidencial, favorável aos interesses latifundiários e da bancada ruralista apenas fez intensificar um projeto que está em curso desde a chegada dos europeus no território americano, colocando em cheque não só a existência de nossos povos originários, mas também a proteção de nosso meio ambiente, que vem sendo drasticamente devastado por conta dessas próprias políticas e dos interesses das burguesia nacional e mundial. Em abril de 2022, no Acampamento Terra Livre realizado em Brasília, mais de 8 mil indígenas de diferentes etnias se puseram em mobilização para lutar contra o projeto do Marco Temporal (PL 490/07), o projeto Mineração (PL 191/2020) que autorizava o uso de terras demarcadas para mineração e construções de grande escala, a regularização da grilagem entre outros projetos que ameaçavam e ainda ameaçam a vida de indígenas (ainda que a PL da mineração e da regularização da grilagem tenham sido revogados, a PL 490/07 ainda se encontra suspensa). O resultado das políticas anti indígenas pode ser visto através do extermínio ocorrido com os povos Yanomamis no estado de Roraima, encontrados em 2023 numa condição de extrema degradação humana. Nas mãos de Bolsonaro e seus lacaios, mais de 500 crianças Yanomamis foram mortas por conta da falta de acesso a recursos básicos como alimentos e remédios.

Ainda que o atual governo petista dê a devida atenção aos nossos povos originários criando o Ministério dos Povos Indígenas, com Sonia Guajajara a frente da pasta e a revogação de alguns projetos de lei, é preciso intensificar o enfrentamento aos parasitas da burguesia, sobretudo aqueles que representam o agronegócio, inimigos diretos da população indígena e dos trabalhadores da terra. O avanço dessas políticas explicita os interesses do capital, onde o lucro representa a morte de populações inteiras, e consequentemente o apagamento cultural de nosso povo, de nossa história. Lutar pela causa indígena é tarefa de nossa militância, não só pelas consequências da colonização do genocídio em marcha que sofrem assim como nós pretos e pretas. Mas pela autoafirmação e resistência de grupos e culturas diversas, importantes para a manutenção e preservação ambiental e que sobretudo, também são parte da classe trabalhadora, o verdadeiro povo brasileiro.

Desde o século XVI, indígenas de norte a sul do país resistem as mais variadas violências que condenam sua existência, implicando em um genocídio étnico racial constante, enquanto seu domínio continua a serviço dos interesses do capital. 1500 não acabou, seguimos em guerra.

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