UJC Capixaba

Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça

Para quem estuda na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o descaso com a alimentação da comunidade acadêmica não é novidade. A maior política de permanência estudantil, o restaurante universitário (RU), sofre com a falta de comprometimento por parte da Administração Central e, mais uma vez, é o estudante que paga o preço dessa má gestão. Não é de hoje que denúncias são feitas sobre o tema. A presença de larvas e insetos na comida, suspensões de funcionamento repentinas, a falta de acessibilidade, o preço abusivo e diversos outros descasos fazem parte da rotina diária de quem frequenta os apertados e quentes corredores do restaurante.

O que não passa despercebido pelos estudantes é que, ao confrontar tais denúncias, a Administração Central sempre classifica os problemas como “casos isolados” ou “exceções”. Contudo, essas “exceções” são tão frequentes que deveriam ser classificadas como regra do funcionamento do restaurante. Tudo isso, somado aos inúmeros outros problemas da universidade, compromete a permanência estudantil, principalmente de estudantes que dependem diariamente da alimentação fornecida pelo restaurante. Não podemos nos esquecer também que durante o período de greve do início do ano, a Administração Central utilizou deliberadamente suspensões no funcionamento do restaurante para criminalizar o movimento grevista e desmobilizar os estudantes que buscaram – e ainda buscam – garantir o mínimo para se manter nos estudos.

A greve teve fim, mas a fome não

Desde segunda-feira, 15 de julho, vários estudantes estão enfrentando a insegurança alimentar e a incerteza quanto ao funcionamento do Restaurante Universitário. Muitos relataram ter recebido marmitas estragadas e azedas, após horas aguardando em filas enormes, expostos ao sol. Além disso, diversos alunos foram obrigados a ir trabalhar sem comer devido ao esgotamento das marmitas. Agora, sem qualquer perspectiva de melhora, os estudantes receberam a notícia de que o serviço do RU não será realizado nesta semana.

Nós, da união da juventude comunista (UJC), em coro com a comunidade estudantil de todos campi da universidade, denunciamos o descaso com os estudantes. Sabemos que isso é fruto do privatismo que assola o debate público nacional, com políticas que cerceiam nossos direitos, como o Arcabouço Fiscal, que em nada perde para a política de desmontes do governo Bolsonaro. Denunciamos também a política de terceirização dos serviços públicos, que expõe a falta de compromisso com a qualidade do serviço por parte da iniciativa privada.

Lutamos e lutaremos por uma universidade popular, para que a educação não seja um privilégio, mas sim um direito garantido a toda a população.

E com bucho mais cheio comecei a pensar,

Que eu me organizando posso desorganizar!

SEM RU, SEM AULA!

União da Juventude Comunista – Núcleo UFES

22 de julho de 2024

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