Acordo para fim da guerra não significa fim automático da tragédia humanitária em Gaza
Ponto essencial no acordo para fim dos ataques, libertação de prisioneiros de Israel e do Hamas ainda não foi concluída
Organizações internacionais alertam para a escala gigantesca de necessidade de ajuda a Gaza em todos os setores. Conforme as famílias palestinas retornam para o território, a destruição de mais de dois anos de ataques israelenses fica ainda mais evidente. O acordo para o fim da guerra não traz soluções imediatas para a crise humanitária e ainda há profundas incertezas políticas sobre o processo.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), têm reiterado apelos por acesso irrestrito ao enclave. A diretora de comunicações da entidade, Juliette Touma, enfatizou a necessidade de abrir todas as passagens para Gaza imediatamente, a fim de permitir o fluxo de suprimentos humanitários e evitar a propagação da fome.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 170 mil toneladas de alimentos, medicamentos e outros suprimentos estão prontos para entrega. No entanto, a burocracia e as restrições impostas por Israel continuam a dificultar a entrada e distribuição eficaz da ajuda vital.
Com o acordo para o fim dos ataques, espera-se a entrada de cerca de 600 caminhões de ajuda por dia. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) planeja aumentar as entregas a partir do início da próxima semana. Mas a ação ainda depende da retirada das forças israelenses para a expansão das zonas de segurança humanitária.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou para o risco de um aumento massivo na morte de crianças por causa da desnutrição e do comprometimento do sistema imunológico. Estima-se que 50 mil crianças correm risco de desnutrição aguda e precisam de tratamento imediato. O maior risco é para bebês, principalmente recém nascidos.
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que quase 42 mil pessoas na Faixa de Gaza sofreram lesões que alteram suas vidas devido ao conflito, sendo um quarto delas crianças. Desde outubro de 2023, 167.376 pessoas foram feridas, com mais de 5 mil amputações.
Lesões graves nos braços, pernas, medula espinhal, cérebro e queimaduras são generalizadas, aumentando drasticamente a demanda por serviços cirúrgicos e de reabilitação especializados. O sistema de saúde está à beira do colapso, com apenas 14 dos 36 hospitais parcialmente funcionais e menos de um terço dos serviços de reabilitação operando.
Além disso, a OMS aponta que a força de trabalho do setor foi devastada, com muitos profissionais deslocados e pelo menos 42 mortos desde setembro de 2024. A entidade reforçou apelos para acesso irrestrito a combustível e suprimentos, e fim de restrições à entrada de itens médicos essenciais.
Troca de prisioneiros
Um dos pontos essenciais do acordo para fim dos ataques, a liberação de prisioneiros do Hamas e de Israel, ainda não se concretizou. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que a soltura dos israelenses que ainda estão em Gaza está prevista para segunda-feira (13).
Do outro lado, veículos de imprensa de Israel afirmam que o transporte de presos palestinos para início das trocas já começou. No entanto, a negociação ainda está sob tensão com a recusa de Israel em libertar figuras políticas palestinas de alto perfil. O Hamas afirmou que, ainda assim, continuará a implementar os pontos do acordo.
Outra questão polêmica é a exigência de desarmamento do Hamas. O grupo afirmou que não vai se desarmar completamente e que entregará os equipamentos que detém para autoridades militares da Palestina, quando elas forem determinadas.
Fontes estadunidenses afirmaram à mídia internacional que forças do Egito, Catar e Turquia supervisionarão o desarmamento e que os EUA vão acompanhar o processo à distância, sem envio de tropas para Gaza.
Editado por: Raquel Setz
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