Por Gustavo Pedro, militante do PCB e da UJC no Rio de Janeiro
Esse é o debate que vai atingir a classe trabalhadora carioca, segundo informações que circulam na mídia empresarial, já no início de 2023. Não bastassem os aumentos gerais de custo de vida e a dificuldade do trabalhador comum de garantir o sustento diário, a prefeitura de Eduardo Paes (PSD) anunciou no dia 27 de dezembro em “almoço com jornalistas” no Palácio da Cidade, em Botafogo, que está planejando para janeiro o aumento da tarifa de ônibus de R$ 4,05 para até R$ 4,40. A prefeitura estaria tratando como um debate “em aberto”, mas sabemos que de aberto esse debate não tem nada!
É notícia comum que em início de ano nos vemos acossados pelos acordos firmados entre as prefeituras dos gestores da ordem do capital e a máfia dos transportes que define quem consegue se deslocar na cidade do Rio de Janeiro. A estratégia se repete com frequência na seguinte ordem: 1) A prefeitura repassa a tarefa de justificar o aumento para a mídia burguesa; 2) os grupos empresariais de comunicação servem de relações públicas das empresas privadas de transporte e justificam rapidamente a necessidade de aumento; 3) o debate fica silenciado durante algumas semanas e o aumento é repassado ao trabalhador que segue apertado em ônibus lotados, lentos e caros.
A questão que devemos debater é: como os trabalhadores estão sendo colocados nesse processo? Qual é o real espaço do debate “em aberto” para a intervenção de quem de fato é afetado pelos aumentos? Quem sai beneficiado quando o prefeito Eduardo Paes diz escolher as férias escolares/universitárias para fazer passar o aumento e reduzir a resistência e repercussão de mobilizações contrárias? A defesa do assim chamado “equilíbrio financeiro” das empresas, que escondem os custos da operação do serviço, deve se sobrepor ao debate democrático e ao direito da população trabalhadora da cidade de poder se deslocar ao trabalho, estudo ou lazer no cotidiano?
Devemos fortalecer a organização dos movimentos populares para que possamos mudar a lógica da gestão dos transportes públicos na cidade! Enfrentar a lógica da apropriação privada dos lucros da operação de um serviço tão essencial para nossas vidas é questão central para colocar os trabalhadores no centro do debate sobre a organização das nossas vidas. Se a máfia dos transportes segue jogando para frente a melhoria do serviço, adiando indefinidamente manutenções, renovação de frota e instalação de ar-condicionado, enquanto pagamos cada vez mais caro é porque a defesa de seus lucros, sob a lógica vigente, se sobrepõe aoz interesses de todos os trabalhadores da cidade.
Acabar com essa lógica, a partir da encampação dos ônibus, anulação dos contratos de concessão e criação de uma empresa pública de transportes é questão central! Organizar conselhos populares de debate sobre os transportes é uma das formas de abrir a discussão e fazer avançar o debate sobre a superação da lógica de subsídios às empresas privadas com a tomada da operação e planejamento desse serviço essencial pelos trabalhadores em transporte e pela população trabalhadora como um todo! É assim que poderemos abrir as contas do transporte, melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores rodoviários, reduzir o preço das passagens (rumo a tarifa zero!) e ampliar o serviço com um caráter de fato público e que garanta a todos o acesso a trabalho, estudo e lazer na cidade.
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