'Apenas socialistas podem fazer oposição real a Trump', diz ex-candidata à presidência dos EUA

'Apenas socialistas podem fazer oposição real a Trump', diz ex-candidata à presidência dos EUA

Por: O Poder Popular · Claudia De La Cruz é candidata do Partido Socialismo e Libertação (PSL) e analisa a campanha e a democracia dos Estados Unidos em entrevista - Reprodução/ Claudia de la Cruz for President

Karolina Monte para o Brasil de Fato

Claudia De la Cruz concorreu pelo partido Socialismo e Libertação e obteve a maior votação em uma campanha socialista


A vitória de Donald Trump cravou o que muitos consideram uma derrota amarga para os democratas de Kamala Harris, que perderam tanto nos votos de colégios eleitorais quanto no populacional.

Durante os meses de campanha nas eleições dos EUA em 2024, o partido democrata sustentou uma possível eleição de Kamala sob o argumento de que a ex-procuradora seria uma melhor opção diante do magnata, ou a verdadeira oposição política contra o discurso anti-minoria de Trump; sem, no entanto, apresentar dados ou propostas concretas.

Analistas, ativistas e políticos estadunidenses culpam o próprio partido democrata pela derrota de virada, que garantiu a Trump 295 colégios eleitorais, contra apenas 226 de Harris.

Para Claudia De la Cruz, candidata à Presidência nas eleições de 2024 nos EUA pelo partido Socialismo e Libertação (PSL), a verdadeira oposição está nos partidos, candidatos e propostas socialistas do país, focados nas classes trabalhadoras e populações minoritárias.

"Trump e suas propostas de extrema direita avançaram na política estadunidense somente por causa do fracasso dos democratas", explica Claudia. "Os democratas são pró-guerra, pró-empresas, e os neoliberais estiveram no poder por 12 dos últimos 16 anos. Eles falharam em fazer as promessas para a classe trabalhadora do país acontecerem", acrescenta.

Em comunicado após o resultado eleitoral, o Partido Socialista do país apontou que a campanha de Harris se juntou à "histeria vil, anti trabalhador e racista contra as famílias de imigrantes" de Donald Trump ao aderir à pautas da direita estadunidense, como as restrições à imigração e acrescenta que Harris "não fez nenhum esforço para combater os ataques demonizadores e desumanos contra os trabalhadores imigrantes". "Essa falha permitiu que a histeria anti-imigrante crescesse e se tornasse um fator significativo no apelo demagógico de Trump", destaca o partido.

Apesar do posicionamento abertamente xenofóbico, racista, misógino de Trump, De La Cruz aponta que a resposta do republicano para a população é a mesma dos democratas em termos de projeto político e econômico: "através do capitalismo e imperialismo estadunidense. Nesta torturante democracia de bilionários, são oferecidas para as pessoas duas opções - e, dada a traição dos democratas, a população os abandonou".

Este movimento justificaria, também, o aumento da população árabe e negra que votou no republicano, em comparação com as eleições de 2020. Para Claudia, é importante ressaltar que este aumento nos votos nestas populações minoritárias não foi o que causou a derrota de Harris, mas sim "a deficiência [política] dos democratas", que abandonaram a população.

"Continuaremos a construir a verdadeira oposição"

Se ambos os partidos, democratas e republicanos, não têm uma postura política, econômica e social que os diferencie, qual seria, então, a verdadeira oposição aos dois grandes partidos estadunidenses?

Para Claudia de La Cruz, as soluções serão apresentadas pelo socialismo. Inserido nas lutas da classe trabalhadora há 20 anos, ela ressalta que o partido Socialism and Liberation seguirá trabalhando para a população minoritária e trabalhadora. "Nosso foco continuará sendo construir um movimento independente forte da classe trabalhadora, estreitar nossas relações entre linhas históricas de divisão e lutas".

Este estreitamento, ela argumenta, já mostra resultados. Até a contagem desta quinta-feira (7), dois dias após as eleições, De La Cruz recebeu 108 mil votos, sem a contagem de Washington D.C. e dos votos escritos pelos eleitores. Nos EUA, candidatos que não aparecem nas cédulas eleitorais podem ter o nome escrito pelo eleitor, e o voto será contabilizado.

"Esse número já excede o de outras campanhas socialistas históricas realizadas [nos EUA] pelo CPUSA [Partido Comunista dos EUA] em 1932 e pelo SWP [Partido dos Trabalhadores Socialistas] em 1971", celebra.

O futuro presidente dos Estados Unidos já afirmou, abertamente, que não apoiará esta classe, e ressaltou que usará das forças armadas e do poder ao seu alcance para barrar o que ele chama de "lunáticos da esquerda". "Outro governo de Trump trará ataques significativos em populações historicamente marginalizadas nos EUA, incluindo os socialistas."

A disposição trumpista contra a esquerda estadunidense, porém, não arrefece a disposição do partido. "Nós continuaremos no centro dos direitos dos trabalhadores, imigrantes, direitos LGBTQ+, direitos das mulheres, e tudo o que impacte a classe trabalhadora. Não podemos arcar com os custos do retrocesso, nós continuaremos a lutar. Continuaremos a construir a verdadeira oposição à extrema direita", finaliza De la Cruz.

Edição: Leandro Melito

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