Camarada Jayme Miranda, presente!

Camarada Jayme Miranda, presente!

Por: O Poder Popular ·

Por Osvaldo Maciel para o Voz do Povo

No próximo dia 4 de fevereiro de 2025 completam-se 50 anos do desaparecimento/morte de Jayme de Amorim Miranda, jornalista, advogado, militante e dirigente do maior partido da esquerda brasileira de então, o PCB (Partido Comunista Brasileiro). Barbaramente assassinado pela Ditadura Empresarial-Militar que se instalou no Brasil com o Golpe de 1964, lembrar de sua história é um dever de memória diante do negacionismo que vivemos nos últimos anos no país e uma forma de homenagear a luta de muitos que tombaram na defesa da revolução, da justiça social e da dignidade humana! O PCB compõe o Comitê Alagoas do Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia que está organizando um ato para esta data na Sala dos Conselhos da Sede da OAB (em Jacarecica) a partir das 19h.

Jayme de Amorim Miranda nasceu em 18 julho de 1926, filho de Manoel Simplício de Miranda e de Hermê Amorim de Miranda. Começa a militar no PCB no início da década de 1940, no mesmo período em que estuda na Faculdade de Direito e participa do Movimento Estudantil. Uma das tarefas mais significativas de sua militância foi colaborar com a redação e dirigir o jornal A Voz do Povo, que ainda hoje se mantém ativo (sem periodicidade regular) através do portal A Voz do Povo onde publicamos este texto. Casou-se com Dona Elza e teve quatro filhos, Olga, Yuri, Jayme e André. Jayme se torna uma das principais figuras do CC (Comitê Central) do PCB na clandestinidade, chegando a trabalhar diretamente com o mítico Luiz Carlos Prestes. Em 4 de fevereiro de 1975, aos 48 anos de idade, Jayme Miranda saiu pela manhã para se encontrar com um camarada do PCB, foi preso e sequestrado, e nos dias seguintes foi torturado e morto. Seu corpo ainda continua desaparecido. A Lei 9.140, de 1995 propiciou o reconhecimento oficial da morte de dele no ano de 1996.

Apesar de o PCB ter optado por não aderir à luta armada contra a Ditadura, opção que foi seguida por diversas correntes políticas e movimentos de esquerda daquela conjuntura, o partidão foi um dos alvos centrais da Ditadura, pois ela precisava destruir o principal operador político da esquerda brasileira até então. A morte de Jayme Miranda ocorre em meio a uma perseguição implacável a dezenas de militantes comunistas, num processo em que foram mortos 1/3 dos membros da Direção Nacional do PCB, vários militantes país afora, e que contou com a infiltração de um traidor nas hostes do partido, Severino Theodoro de Mello.

Que fique bem claro que não foram apenas os militantes comunistas e da esquerda ou intelectuais engajados que foram perseguidos pela Ditadura. Regime que destruiu todos os espaços democráticos que a sociedade brasileira havia construído ao longo do período republicano, qualquer pessoa que divergisse dos projeto ditatorial era um alvo em potencial da sanha terrorista do Estado sob comando militar. Mulheres que reivindicavam melhorias nos bairros populares e a população preta do país inteiro, particularmente das favelas e periferias do país, foram perseguidos, presos, tentaram impor-lhes uma vida vigiada; trabalhadores assalariados que perderam vários direitos e tiveram o salário rebaixado, foram atingidos em seus sindicatos e na luta cotidiana nos locais de trabalho; corpos discidentes de sujeitos protagonistas da construção de novas formas de amar e se manifestar no mundo, foram presos, violentados. Na fase final da Ditadura, apenas para se ter ideia do martírio vivido pelo povo brasileiro, o Relatório Figueiredo revela que mais de 7 mil indígenas foram mortos durante o período por conta do impacto das grandes obras realizadas na região amazônica. Em todas estas formas particulares de violência, cada um destes segmentos sociais resistiu, reinventou e sobreviveu aos duros anos de chumbo! Jayme Miranda uma das vítimas deste período macabro. Como afirmou Eunice Paiva, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, não foi a família dela que foi atingida, mas toda sociedade brasileira!

Inclusive é na esteira do enorme sucesso do filme “Ainda estou aqui”, dirigido por Walter Salles, protagonizado por Fernanda Torres e que conta a história da Eunice, que o país e o resto do mundo toma conhecimento do modo como os agentes da Ditadura atuaram. Tal qual Rubens Paiva, que foi sequestrado e preso arbitrariamente, torturado e morto pelo Estado brasileiro sob ordens de militares que cumpriam um papel de terrorista, Jayme Miranda e diversos outros também sucumbiram. Famílias brasileiras foram destroçadas, toda a sociedade se viu atingida e ainda hoje estas feridas, que os filhotes e cúmplices dos ditadores pretende esconder, estão expostas e doem na alma do povo brasileiro!

Ontem, hoje e amanhã, quem quiser contar a história de nossa sociedade, lembrará de nomes como o do bravo alagoano Jayme Miranda, um comunista que ousou defender os verdadeiros interesses do povo brasileiro lutando por justiça, democracia e revolução social!

Nestes 50 anos de sua morte, o PCB destaca honras e glórias ao camarada Jayme Miranda!

Camarada Jayme Miranda Presente!

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