UJC SP e Comissão Política Regional - PCB SP
A tempestade que atingiu o estado de São Paulo na sexta-feira (03/11/23) e provocou pane no sistema elétrico, destruições e mortes, expôs mais um episódio em que os fenômenos naturais são agravadospelo despreparo urbano, pela incompetência política e pela precarização da vida dos trabalhadores. Importante ressaltar que essas panes, até o momento desta nota, seguem acontecendo por todo o estado, agravando ainda mais o quadro de insegurança da classe trabalhadora.
Em mais de 40 cidades do estado de SP, a chuva seguida de uma forte ventania provocou a queda de árvores e estruturas, que por sua vez, resultou na morte de 7 pessoas, queda da rede de energia de cerca de 3,7 milhões de usuários e 29 escolas; na destruição de carros, casas e comércios, dentre vários outros prejuízos. Vários lugares ficaram mais de 96h sem energia.Além de casas, escolas e comércios,as instalações e estações elevatórias dos sistemas de abastecimento deágua também foram afetadas por conta da falta de energia, reduzindo o nível dos reservatórios da Sabesp.
Revoltados, moradores de diferentes regiões protestaram contra a demora da Enel em restabelecer a energia. Houve protestos em Taboão da Serra, Osasco, São Caetano; na capital do estado, eles ocorreram no Campo Limpo, Vila Califórnia, dentre outros bairros. Muita gente perdeu comida de suas geladeiras e teve que alterar as rotinas da vida para se adequar ao caos.
A Enel, responsável pelo fornecimento da eletricidade na região metropolitana da capital paulista, desde que substituiu a Eletropaulo em 2018, demitiu 36% dos trabalhadores. Hoje, diante dessa questão urgente, a resposta que a população tem da empresa é que ela "triplicou o efetivo" nas ruas, mas não tem funcionários para fazer todas as religações num prazo razoável. Alguns usuários chegaram a denunciar que os portais de atendimento da Enel foram desligados e programados para deixar uma mensagem automática, numa clara demonstração de incapacidade da empresa para lidar com problemas urgentes.
No fundo, sabemos o que isso significa: a ofensiva do setor privado contra os serviços públicos que temos visto nas últimas décadas, ao contrário daquilo que sempre prometem as propagandas a favor das privatizações, não resulta em melhorias nos serviços.
Fenômenos como esses têm sido frequentes e "incontroláveis", principalmente devido à sede das burguesias pela superprodução desde as primeiras revoluções industriais, a custosa devastação ambiental e a conivência dos governos responsáveis. Em suma, os efeitos da atual ebulição global.
Diante de um contexto de mudanças climáticas, as manifestações dos fenômenos extratropicais têm sido cada vez mais agudas, mas o conjunto dos Estados e empresas capitalistas, por sua vez, não se interessam em ser efetivamente capazes de lidar com os impactos sociais. Demagogicamente, apenas quando convém, defendem seu suposto "empenho" em lidar com esses problemas.
Esse caos ocorre no mesmo contexto em que avança a privatização da Sabesp, CPTM e Metrô. Ocorre no mesmo ano em que a empresa que privatizou parte dos trens e metrôs de SP, a Via Mobilidade, tem traumatizado parte dos trabalhadores paulistas com suas panes e sua lentidão. Esses são motivos mais do que suficientes para sermos contra a privatização de qualquer serviço.
A privatização da Eletropaulo em 1999 tem relação direta com o caos atual e é um exemplo do que não fazer com o Metrô, CPTM e Sabesp, para que em momentos como esse, no lugar de uma empresa como a Enel e a Via Mobilidade, existam estatais que tenham capacidades reais de administração de crises.
Nesse sentido, o PCB e a UJC apoiam as seguintes medidas:
As manifestações populares contra o descaso das companhias de eletricidade;
Cancelamento imediato das contas de luz de Novembro e Dezembro;
Uma CPI com participação popular que investigue as empresas e o poder público;
Reestatização imediata do sistema de energia;
A defesa pelo ressarcimento de todos os trabalhadores afetados com perdas materiais.
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