COVID e o negacionismo na Universidade Federal do Ceará
Boletim informativo do Centro Acadêmico Alan Turing de Ciências da Computação da UFC
Há algumas semanas saiu uma denúncia feita pela ADUFC - sindicato dos docentes da UFC - sobre o caráter negacionista do Comitê de Enfrentamento do Coronavírus da UFC. Esse comitê, criado ainda durante a pandemia pela administração superior da universidade, tinha o objetivo de pensar ações que ajudassem a combater o COVID de forma efetiva e foi liderado pelo atual vice-reitor, Prof. de medicina José Glauco Lobo Filho.
A ADUFC analisou algumas atas das reuniões desse comitê e constatou a defesa do uso e de financiamento de medicamentos comprovadamente ineficazes contra o COVID como cloroquina e ivermectina. Defesa essa assumida inclusive pelo médico Glauco Lobo. Em uma das reuniões, quando da discussão sobre o possível atendimento de alunos, defendeu-se que “não deve colocar médicos que são contrários, a priori, aos tratamentos disponíveis”, fazendo menção a tratamento precoce, já comprovadamente ineficaz naquela altura. Vale ressaltar que essas reuniões do comitê foram proibidos de participar representantes docentes enquanto que a representação discente ficou limitada a algumas reuniões, contando com a participação de pró-reitorias, diretores de centro e infectologistas convidados.
O comitê completou um ano sem nenhum avanço efetivo, apesar da propaganda positiva feita pela UFC. Uma das suas principais atividades, a testagem de alunos, não teve sequer os dados divulgados, questão também denunciada pelo sindicato.
Vale lembrar que o prof. José Glauco Lobo Filho foi um dos médicos que assinou uma carta em apoio ao atual presidente da república, uma das figuras públicas mais negacionistas e cuja política reacionária ajudou a aumentar o número de mortes de COVID no Brasil.
Negacionismo
A ciência não é neutra, ela tem historicidade, está na história e não além dela e portanto é um campo de disputa.
A universidade federal do ceará, uma instituição séria de pesquisa assume uma postura irracional que a nega em seu próprio fundamento diante dessa situação, a administração superior, composta por figuras completamente reacionárias, não podem ampliar debates, não podem ouvir especialistas sérios, não podem abraçar o senso crítico mais afinado pois isso resultaria na sua própria aniquilação. Essa monstruosidade, que assume a forma mais violenta e cínica, precisa ser combatida com todas as nossas energias se quisermos disputar uma ciência em prol da vida das pessoas, do desenvolvimento qualitativo e pelo ensino e pesquisa de qualidade.
A administração superior da universidade federal do ceará, que já não quer exigir o comprovante de vacina para o retorno presencial, prezando pela saúde da comunidade, aparece e mostra sua cara mais torpe e nojenta a luz dessas denúncias.
Em resposta, a reitoria lançou uma nota (horrível diga-se de passagem) mas que eu vou analisar e trazer para vocês em outro momento.