Demissão em Massa: O Banco Itaú e a luta de Classes

Demissão em Massa: O Banco Itaú e a luta de Classes

Por: Redação ·

Comitê de Base de TI da Unidade Classista-RJ

O Banco Itaú, que obteve um lucro de R$ 11,5 bilhões no segundo trimestre de 2025, acaba de seguir uma prática cada vez mais comum entre as grandes corporações globais: a realização de demissões em massa. No início de setembro, a instituição desligou cerca de mil funcionários, a maioria deles da área de TI que trabalhavam em regime de teletrabalho ou híbrido.

As demissões só vieram a público porque o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região descobriu e denunciou o ocorrido. Somente após a denúncia, o banco se pronunciou, confirmando e justificando os desligamentos.

A justificativa oficial do banco é que as demissões foram resultado de um monitoramento de seus colaboradores, que considerou métricas como o uso de mouse e teclado, software licenciado, participação em chamadas de vídeo e envio de mensagens. O monitoramento, que durou cerca de seis meses, teria revelado uma baixa produtividade que, segundo o banco, justificava o corte em massa.

No entanto, os funcionários demitidos contestam essa versão. Eles afirmam que trabalhavam corretamente, oito horas por dia, muitas vezes almoçando em frente ao computador ou trabalhando nos fins de semana. Além disso, alegam que não foram apresentados quaisquer dados que comprovassem a baixa produtividade e que, ao longo do período de seis meses, não receberam nenhum feedback para que pudessem melhorar seu desempenho.

O monitoramento de mouse, teclados, softwares e sites abertos não é uma novidade, e muitas empresas o utilizam. No entanto, essas métricas dificilmente podem ser associadas diretamente à produtividade, além de serem facilmente burláveis. Mesmo que os dados apontados pelo banco de fato existissem — o que é negado pelos demitidos —, não é plausível acreditar que essas métricas, aferidas em um período em que o banco teve um lucro bilionário, sejam definidoras de baixa produtividade.

Mais alarmante do que a desculpa oferecida pelo banco é a triste realidade social em que vivemos, onde cerca de mil famílias podem ter suas vidas abaladas e prejudicadas de forma silenciosa, sem que nada possa ser feito para impedir o ocorrido e sem direito à defesa. Não estamos falando de uma empresa que dá prejuízo ou que está prestes a declarar falência, mas de um banco que, mesmo após arcar com todos os seus custos — incluindo os salários das mil pessoas demitidas —, ainda obteve um lucro bilionário.

Diferente da falsa impressão de análise técnica que a justificativa do banco tenta transmitir, o processo de demissões em massa no setor de TI tem apenas uma explicação: a luta de classes. O interesse primário dos acionistas, da burguesia do Banco Itaú, é o de maximizar seus lucros a cada trimestre. Enquanto, como classe trabalhadora, nosso interesse básico é uma remuneração adequada e uma jornada de trabalho saudável — objetivos diametralmente opostos à lógica de maximização do lucro.

Esse movimento, que à primeira vista pode parecer impactar somente as mil famílias que perderam sua fonte de renda, tem um objetivo mais abrangente: impactar toda a categoria de profissionais de TI. Ao aumentar o número de desempregados, a burguesia consegue achatar salários, reduzir benefícios e enfraquecer a capacidade de defesa da categoria contra ataques patronais.

Junto a isso, também há um interesse em reduzir a cultura do teletrabalho, que foi incentivada pela própria burguesia durante a pandemia como uma forma de manter os lucros, mas que agora não é mais vista com o mesmo interesse. No entanto, é crucial ter clareza que esse movimento contra o teletrabalho é apenas um efeito colateral, e não o objetivo principal da burguesia.

A categoria de TI, especialmente os profissionais de desenvolvimento e gestão de dados, passou por um período em que o aumento dos lucros e a alta demanda por profissionais deixavam o número de desempregados quase nulo. Essa conjuntura resultou em salários e benefícios melhores, pois era a única forma de a burguesia garantir seus lucros.

Aproveitando esse momento, foi propagado um ataque ideológico à categoria para afastá-la da luta sindical, o que permitiu o aparelhamento de muitos sindicatos por pessoas que não defendem a classe trabalhadora. Muitos profissionais passaram a acreditar que esse cenário seria sustentável por meio de acordos individuais, ignorando que os interesses da burguesia poderiam mudar a qualquer momento.

Agora, vivemos um novo momento em que os lucros das empresas não estão mais alcançando as expectativas da burguesia. Os avanços tecnológicos, em especial a Inteligência Artificial, que permitem que um único profissional execute o trabalho que antes era feito por vários outros e reduzem a especialização necessária para certas tarefas, permitem que uma estratégia que aumenta a reserva de mão de obra no mercado. Essa mão de obra excedente é utilizada para achatar salários e benefícios, alcançando assim as expectativas de aumento dos lucros.

A desorganização atual da categoria impede que consigamos combater esses ataques. Isso fica evidente quando os trabalhadores demitidos do Banco Itaú, por exemplo, não entram na justiça contra a empresa por medo de isso impedi-los de conseguir outro emprego.

Dessa forma, fica explícito que a questão das demissões em massa vai além de um problema individual dos demitidos ou de questões financeiras pontuais das empresas. Trata-se da dinâmica natural e nefasta do capitalismo, que sempre busca piorar a vida dos trabalhadores quando isso se traduz na possibilidade de aumentar os lucros da burguesia.

Para combater esse problema inerente ao capitalismo, é necessária uma estratégia que organize politicamente a nossa categoria, fazendo uma luta de longo prazo que defenda os interesses da classe trabalhadora. Ao mesmo tempo e de forma concomitante, devemos lutar e proteger os direitos e interesses imediatos da categoria, sindicalizando-nos em cada um dos nossos sindicatos. Os sindicatos são a principal ferramenta de defesa dos trabalhadores na luta de classes, como ficou claro no caso do Itaú, onde, mesmo enfraquecido, foi um sindicato que denunciou o abuso do banco.

Sindicalize-se, ocupe seus sindicatos, exija que eles lutem em defesa dos interesses da classe trabalhadora e fortaleça suas assembleias, atos e greves. E Junte-se à Unidade Classista para travar a luta política que irá emancipar a classe trabalhadora de sua exploração.

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