Em manifestação no BNDES, Sindicato cobra liberação de recursos para salários na Avibras
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região
Banco afirma que só será possível viabilizar apoio financeiro se houver troca do controle acionário
Trabalhadores da Avibras Indústria Aeroespacial realizaram um protesto em frente à sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (5). Os trabalhadores estão com 20 salários em atraso e mantêm uma greve que já dura dois anos.
A manifestação faz parte da luta para que o governo federal tome medidas que garantam a sobrevivência da principal fabricante de material bélico pesado do país. A pedido do Sindicato, representantes do BNDES receberam dirigentes e trabalhadores.
Na reunião, o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, apontou a necessidade urgente de liberação de recursos pelo BNDES para que a fábrica continue em operação e pague o que deve aos trabalhadores.
O chefe do Departamento de Recuperação de Crédito do banco, Rodrigo Zamaia Kikumoto, afirmou que somente será possível viabilizar apoio para financiamento de exportações, se tiver a troca do controle acionário da Avibras, em razão da crise enfrentada pela empresa. O BNDES é um dos credores da fábrica.
Negociação com investidor
Há um mês, o Sindicato vem negociando com representante de um investidor que está interessado na compra da fábrica. Esse possível comprador, que mantém seu nome sob sigilo, apresentou uma proposta para regularizar os salários em atraso e pagar apenas 8% das multas devidas aos funcionários da Avibras.
A proposta só será levada para votação dos trabalhadores, mediante garantia do processo de venda para esse investidor. Ainda não há informação formal se o processo será concluído.
No BNDES, o Sindicato defendeu que o governo federal faça a intermediação da negociação com a Avibras e o investidor, e participação do Ministério da Defesa e do banco.
Dívida trabalhista
A Avibras possui um contrato de R$ 360 milhões com o Ministério da Defesa. A antecipação desse pagamento poderia ajudar na regularização da dívida trabalhista, que está próxima a R$ 380 milhões. Essa é uma das reivindicações já apresentadas pelo Sindicato ao governo federal.
A empresa deve aos trabalhadores 20 salários, além de FGTS e INSS. A vinte dias do Natal, a empresa cortou o cartão-benefício dos trabalhadores, numa média de R$ 1.000, único valor que ainda era liberado aos trabalhadores. Eles também perderam o convênio médico.
Desde que entrou com pedido de recuperação judicial, em março de 2022, a Avibras já perdeu 31,47% dos seus 1.400 funcionários. Hoje são pouco mais de 900.
A produção da fábrica está 100% parada. Os trabalhadores estão em greve desde 9 de setembro de 2022, em razão dos atrasos salariais. De sua unidade em Jacareí saíam mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e veículos aéreos não tripulados.
“Hoje foi mais um dia de luta dos trabalhadores da Avibras. Defendemos que o governo federal venha para a mesa de negociação e garanta investimentos para o pagamento dos salários e retorno de uma das mais importantes empresas do nosso país. Exigimos que o presidente Lula assuma essa responsabilidade”, afirma Weller Gonçalves.
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