Extrema-direita alagoana escala seu time para 2024
Por jornal A Voz do Povo
João Henrique Caldas (JHC), o bolsonarista que sabe comer de garfo e faca, prefeito de Maceió, presidente estadual do Partido Liberal (que se orgulha de ser o partido de Bolsonaro), é um político habilidoso. Talvez o fruto mais bem acabado da burguesia alagoana nos dias de hoje. É nada mais que uma estratégia de marketing de seu pai, João Caldas, até hoje inelegível pela Máfia das Ambulâncias. Assim, desde cedo entendeu a importância de ter uma ótima equipe de marketing pessoal e se pintar de “nova” política quando pratica a mais viciosa e típica política local. Aparece como um reacionário soft.
Talvez pela pequena estatura física (e de caráter) é amante de superlativos. Tudo que faz é tido como gigante. Gestor da maior cadeira da cidade, do maior skate numa praça, do maior São João, do maior Réveillon… Um verdadeiro Midas da inferioridade moral. Nos bastidores da política local dizem que a última obra que inaugurou foi um cabide gigante. De empregos. Fez uma reforma administrativa no município criando nove secretarias, ampliando o número de cargos comissionados em cerca de 600. Não foi à toa.
Há poucos dias, orgulhoso pelo feito, lançou uma grande aliança política da extrema-direita de Alagoas. Conseguiu reunir no mesmo grupo ex-adversários e opositores dos todo-poderosos Calheiros. Vamos analisar um pouco os destaques de tal manobra:
Arthur Lira (PL) – O deputado preferido do momento de amplos setores da burguesia nacional, tanto que comanda a câmara dos deputados de maneira tranquila em Brasília, sem medo de concorrência; até Lula apoiou a sua reeleição ao cargo. Latifundiário e ex-aliado mais poderoso de Bolsonaro no congresso (o fascista perdeu a eleição, foi-se pro ralo o apoio). Envolvido até o pescoço na Operação Taturana. Vivendo desde os 15 anos de recursos públicos, quando atuou no gabinete de seu pai, aprendeu os recursos mais espúrios dos bastidores do poder.
Marx Beltrão (PP) – Ex-ministro do golpista Michel Temer. Manda e desmanda, junto com sua família, em amplas áreas de terra do litoral sul alagoano. No segundo turno da última eleição presidencial, em apoio a Bolsonaro, declarou: “É um governo que tem valores claros, que defende a família, a pátria e a liberdade dos brasileiros. Por isso, não podemos parar.”
Alfredo Gaspar (UB) – Deputado federal mais votado em Maceió (capital no Nordeste onde Bolsonaro é mais forte, nunca esquecer!), foi secretário de segurança nos governos de Renan Calheiros Filho. Não por coincidência a juventude negra das periferias maceioenses foi barbarizada nesse período. Para ele, combater o crime é igual a matar preto e pobre. Disputou o segundo turno das últimas eleições municipais contra a família Caldas. Analistas diziam na época que ele era extremamente agressivo e instável. Compõe a tropa de choque do genocida no parlamento. Sua relevância no cenário local também vem de “berço”.
Davi Davino (PP) – É o típico playboy de Maceió. Branco, rico e herdeiro político do pai. Em 2020 recebeu apoio de Bolsonaro na disputa para prefeito. Em 2022 foi apoiado por todos os parlamentares bolsonaristas de Alagoas para a vaga de senador. Compra influência social por meio de grupos culturais da capital, financiando figurinos, transporte, ajuda de custo etc. Mas, obviamente, por ser um grande entusiasta da arte e da cultura do nosso Estado (contém ironia). Junto de sua família administra projetos sociais que nada mais são que utilização de recursos públicos para proveitos políticos privados, enquanto precariza as políticas públicas efetivas.
Galba Novaes Netto (MDB) – Arrisco dizer que é a aposta de Arthur Lira na tentativa de quebrar a hegemonia da família Calheiros (afinal, até onde se tem notícia, é a primeira família alagoana a ter dois senadores ao mesmo tempo, haja poder!). Presidente da câmara de vereadores de Maceió, é uma jovem e promissora liderança da burguesia local. Aliado do prefeito Caldas, pode ser peça fundamental num futuro racha do MDB em Alagoas. Votou a favor da câmara conceder o título de cidadão honorário de Maceió ao ex-presidente e participou do seu palanque nas últimas eleições. Sua família utiliza a mesma estratégia da Davino para se perpetuar com cargos eletivos.
Fábio Costa (PP) – Delegado de polícia, armamentista, revelação do fascismo em terras caetés. Mais um que utilizou seu cargo público como trampolim político. Ganhou “notoriedade” após ser acusador, juiz e executor em “operação” que condenou 11 pessoas à morte sem qualquer julgamento. Ao mesmo tempo convive muito bem com criminosos condenados muito mais perigosos para sociedade alagoana. Nos momentos mais críticos da pandemia de covid-19, com milhares morrendo todos os dias, fazia discursos acalorados na câmara de vereadores em defesa do genocida. Angariou a confiança dos saudosistas da ditadura empresarial-militar e conseguiu ser eleito deputado federal facilmente.
É desse tipo de gente que JHCaldas está cercado e com orgulho. Para ele foi mais um feito gigante. O fascismo fincou raízes nas Alagoas e tem dado frutos. Ao que tudo indica Maceió continuará sendo a “menina dos olhos” do movimento de extrema-direita no Nordeste brasileiro por muito tempo. Esse setor da burguesia local tem conseguido aglutinar muito poder financeiro e muito poder político, uma combinação extremamente perigosa.
A disputa intraburguesa, capitaneada principalmente pelos Calheiros e pelos Lira, tem se acirrado cada vez mais. Porém, se analisarmos toda essa situação com calma, veremos que os dois pólos não são antagônicos. A disputa gira em torno de poder e influência política, nunca de projetos diferentes. No fundamental – defesa do latifúndio, precarização dos direitos trabalhistas, perdão aos calotes dos usineiros – eles sempre estarão de mãos dadas.
Publicado originalmente em: https://www.vozdopovo.org/extrema-direita-alagoana-escala-seu-time-para-2024/
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