Por Gerardo Santiago - Advogado, aposentado do BB, ex- Diretor do Sindicato dos Bancários RIO e militante da UC e do PCB.
Fato 01
Enquanto a esmagadora maioria das pessoas no Brasil trocava mensagens de Natal, um terrorista bolsonarista planejou e tentou executar um atentado a bomba em Brasília dia 24/12.
Fato 02
Um dia antes disso, o atual comandante do Exército, Freire Gomes, divulgava uma mensagem institucional de fim de ano que terminava com o slogan político do genocida derrotado nas urnas em outubro último.
Fato 03
Os atuais comandantes das Forças Armadas pretendiam antecipar a entrega de seus cargos para antes da posse de Lula, como demonstração de apoio ao genocida que sai e de desapreço pelo presidente eleito pela maioria do povo. Foram convencidos pelos seus próprios pares nos respectivos Altos Comandos, a não proceder assim, porque pareceria (e seria, inclusive este era o espírito da coisa quando primeiro falaram nisso) um ato de insubordinação.
Fato 04
O movimento golpista do bolsonarismo raiz prossegue, com o apoio velado do "mito" e também dos comandantes militares citados acima, que protegem os acampamentos de arruaceiros nazistas nas portas dos quartéis. Os incidentes no dia da diplomação de Lula pelo TSE e a tentativa de ataque terrorista, ambos em Brasília, indicam a possibilidade real de uma escalada de violência por parte da extrema direita.
Fato 05
O apoio aos atos fascistas contra a eleição de Lula é minoritário, mas não desprezível. Segundo o Datafolha, 75% condenam e 21% apoiam. No entanto, no momento os últimos são uma minoria mais mobilizada que a maioria que os reprova e contam com uma franja extremista armada disposta a cometer atentados terroristas, como se viu recentemente.
Fato 06
Diante do desafio fascista que os fatos acima, entre outros, revelam, o governo eleito opta por uma estratégia que historicamente falhou frente ao fascismo: o apaziguamento. Lula nomeou um ministro da Defesa de direita e aprovado pelos mesmos comandantes que protegem os arruaceiros nazistas nas portas dos quartéis. Os sucessores deles serão os generais mais antigos, abrindo mão de renovar as cúpulas das Forças Armadas com a passagem para a reserva da maioria dos generais que apoiaram Bolsonaro e seu projeto inumano. Para piorar, o ministro de Lula combina com os atuais comandantes que eles podem praticar o ato de insubordinação inicialmente articulado com o genocida que se retira, sem problemas. E não é tudo: esse inacreditável ministro sem defesa, José Múcio, ainda afirma que os milicos podem continuar abrigando manifestações nazifascistas em área militar, também está de boa isso, o governo Lula "não vai tirar ninguém na marra".
Conclusão
A estratégia de apaziguamento da extrema direita e do Partido Fardado não é propriamente uma novidade no Brasil. Com algumas nuances, foi a estratégia seguida por todos os governos da "Nova República", sem exceção. O resultado disso vimos e seu preço pagamos com a vitória eleitoral do monstro em 2018 e os quatro anos de pesadelo que se seguiram. O apaziguamento que semeou, adubou e fez crescer o fascismo não vai agora ter o efeito contrário de fazer com que encolha e desapareça. Não deu certo antes e não vai dar desta vez."
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