Inteligência artificial e redução da jornada de trabalho sem redução salarial

Inteligência artificial e redução da jornada de trabalho sem redução salarial

Por: O Poder Popular · Fonte: https://www.mundodomarketing.com.br/como-a-inteligencia-artificial-esta-revolucionando-a-economia-especial-web-summit-rio-2023/

Por Yuri Gomes, do PCB de Petrópolis-RJ

Há poucos dias a mídia burguesa publicava em uníssono notícias sobre um manifesto de uma ONG estadunidense chamada “Future of Life” onde um conjunto de “especialistas” expressavam preocupação com a velocidade em que as inteligências artificiais estão evoluindo e recomendam uma pausa de seis meses no desenvolvimento de inteligências artificiais como o chatGPT. Essa medida, segundo os autores, daria ao setor tempo para definir padrões de segurança e evitaria possíveis danos dessas tecnologias. 

Apesar do caráter apocalíptico da nota, uma análise mais cuidadosa nos mostra um claro conflito de interesses entre burgueses da fronteira da tecnologia. Vejamos o caso do famoso bilionário Elon Musk, CEO da empresa de carros elétricos TESLA e signatário do manifesto, é também é investidor da openAI - criadora do chatGPT - ao mesmo tempo em que é dono de concorrente da openAI. O mesmo senhor recentemente também se envolveu na polêmica compra da rede social twitter onde demitiu grande parte dos moderadores de conteúdo da plataforma. Também é acusado de colocar no mercado carros elétricos da empresa TESLA que acumulam defeitos e acidentes, em particular os carros autônomos que utilizam um tipo similar de inteligência artificial ao que o manifesto demoniza.

Dissimulados, ignoram problemas reais e atuais dessas tecnologias, como vieses de gênero, racial e discriminação em geral que essas tecnologias reproduzem. Ignoram também a falta de clareza sobre a privacidade dos dados de usuários e a transparência sobre quais dados essas ferramentas se baseiam. Sem falar na geopolítica envolvida em redes sociais de alcance mundial que utilizam essas ferramentas para filtrar os conteúdos e favorecer a extrema-direita.   

Do ponto de vista da classe trabalhadora, o crescimento exponencial das habilidades do chatGPT e outras tecnologias de inteligência artificial nos mostra com clareza a urgência da pauta da redução da jornada de trabalho. No capitalismo essas ferramentas servirão para multiplicar os lucros da burguesia enquanto intensifica a exploração de alguns e mantém a maioria desempregada e/ou superexplorada. Entretanto, em uma perspectiva comunista essas ferramentas serão essenciais para planificação e centralização da produção, aumentando a produtividade do trabalho liberando tempo livre para que possamos desfrutar plenamente da nossa humanidade. Só assim teremos tempo para lazer, praticar esportes, ter acesso a cultura, cuidar da nossa saúde efetivamente.  

Portanto, precisamos pensar nas condições objetivas para dominarmos essas tecnologias. Hoje o Brasil não produz componentes eletrônicos de qualidade para suprir as demandas de ser ter servidores potentes como de empresas como o Google. Também não produzimos placas gráficas nem processadores. No Brasil a única produtora de chips era a empresa CEITEC liquidada pelo governo Bolsonaro e cujas tentativas de se reavê-la estão sendo pensadas pelo atual governo. Embora crucial enquanto uma semente para o rompimento com a dependência, a CEITEC produzia chips de baixa qualidade e sua maior aplicação era em geo-localização de gado para pecuária. Para processos mais complexos dependemos majoritariamente de empresas estadunidenses tanto no quesito hardware quanto de software. Desse modo, pensar a redução da jornada de trabalho passa por pensar formas de romper com a dependência científico-tecnológica de país dependente que somos. Temos que construir um complexo científico-tecnológico nacional e público que agregue conhecimentos das engenharias, da física e tecnologia da informação para romper com a dependência tecnológica.  

Cabe a nossa classe organização suficiente para tomar o poder e a partir disso iniciar o processo de rompimento com a dependência, aproveitar o conhecimento técnico-científico existente nas nossas universidades e institutos de pesquisa e criar condições de dominar a produção dessas ferramentas e utilizá-las para a construção de uma economia socialista.

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