O histórico de Jean Paul Prates

Coutinho sobre Prates: “Petrobrás não existiria hoje se o que ele já defendeu tivesse sido adotado”

Entrevista do site VIOMUNDO e introdução da AEPET

Vice-presidente da AEPET volta a denunciar o silêncio da mídia hegemônica sobre histórico privatista do senador petista

Na entrevista que concedeu à jornalista Conceição Lemes, do site VIOMUNDO, o vice-presidente Felipe Coutinho reiterou alertas da AEPET quanto ao histórico privatista do senador Jean Paul Prates (PT-RN), nome dado como certo para presidir a Petrobrás. A matéria destaca que, em seus 54 anos de vida, Prates dedicou 28 ao trabalho para as grandes petroleiras internacionais - entre elas, três do cartel das "Sete Irmãs": Shell, Texaco e Gulf.

Sobre o silêncio da mídia hegemônica, de parlamentares e até de sindicatos sobre denúncias feitas nos artigos da Aepet, Coutinho ponderou que os meios de comunicação no Brasil são subordinados aos interesses estrangeiros, entre os quais os das petroleiras internacionais. "Já parlamentares e sindicatos, com honrosas exceções, esperam benefícios do governo em gestação", acrescentou.

Leia a matéria na íntegra:

Engenheiros da Petrobrás contra senador Prates na presidência: "Petrobrás não existiria hoje, se o que ele já defendeu tivesse sido adotado", afirma Felipe Coutinho

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) é economista e advogado.

Está no seu primeiro mandato.

Nas eleições de 2014, foi eleito primeiro suplente da senadora Fátima Bezerra para o período 2015-2023.

Em janeiro de 2019, com a posse de Fátima como governadora do Rio Grande do Norte, assumiu a sua vaga.

Ele começou na Braspetro (Petrobrás Internacional S/A).

Mas a maior parte da sua carreira se deu na iniciativa privada.

Até 2018, dirigiu duas empresas de consultoria, sendo uma delas na área de petróleo, a Expectro Brasil, sediada no Rio de Janeiro.

Durante 28 anos foi sócio-diretor da Expectro Brasil, cujo site (www.expetro.com.br) evaporou-se totalmente.

Talvez por esquecimento, a página no Facebook, inaugurada em 2012, permanece ativa. A última atualização aconteceu em 19 de março de 2018.

Postagem de 7 de outubro de 2015 (na íntegra, ao final) informa que Jean Paul Prates foi consultor do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Petróleo (ANP) na montagem do arcabouço regulatório do petróleo nacional. Em outros períodos, atuou como conselheiro de empresas como a ALESAT, Pancanadian/Encana, Anadarko, Gulf Oil, Ranger Oil, Suncor, Texaco.

Teve como clientes cerca de 50 empresas privadas de petróleo.

Entre elas, três do cartel das "Sete Irmãs": Shell, Texaco e Gulf. Em 2000, a Texaco foi incorporada pela Chevron.

Mesmo assim, Jean Paul Prates, já na condição de senador, assumiu em 11 de dezembro de 2019 a presidência da Frente de Defesa da Petrobrás.

Sem dúvida, um paradoxo gritante. Afinal, dos seus 54 anos de idade, ele trabalhou 28 anos para as grandes petroleiras internacionais contra os interesses da própria Petrobrás.

Prates integrou o Grupo de Trabalho de Minas e Energia do governo de transição do presidente Lula (PT). Foi o relator do subgrupo Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

Tanto que, com a vitória de Lula, já começaram a aparecer na mídia notícias plantadas defendendo o nome de Jean Paul Prates para a presidência da Petrobrás.

Nesse sentido, assistimos a dois grandes movimentos.

Um imediatamente após Lula ter-se consagrado nas urnas.

A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet) captou-o de pronto.

Em 3 de novembro, Aepet publicou no seu portal o artigo Será o senador Jean Paul Prates um bom nome para presidir a Petrobrás?

Começa assim:

E o dia 31 de outubro amanheceu com o resultado oficial da eleição: Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito para cumprir seu terceiro mandato como Presidente da República.

O resultado só foi possível pela capacidade de Lula em construir uma frente ampla de partidos e de personalidades, permitindo derrotar o projeto de extrema direita que ocupou o poder nos últimos 4 anos.

Imediatamente, começaram as especulações sobre os nomes do novo governo. Entre eles o do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para a Petrobrás.

Entre os muitos desafios a serem enfrentados pelo presidente eleito, está a reconstrução da Petrobrás. E neste desafio que a AEPET tem suas posições e convicções. Por isso, vê com ressalvas a possível indicação do senador Prates, baseada em seu histórico de atuação na área do petróleo, que resumimos abaixo.

(...)

Colocar Jean Paul Prates na presidência da Petrobrás não parece ser um passo na direção da reconstrução da empresa", diz, após elencar vários senões.

O segundo grande movimento se deu nos últimos cinco a seis dias.

De forma sincronizada, em uníssono, os grandes veículos da mídia nacional passaram a dar favas como contas contadas Jean Paul na presidência da Petrobrás.

Em 16 de novembro, a Aepet publicou novo artigo com o título Jean Paul Prates Revelado

É do engenheiro químico Felipe Coutinho, vice-presidente da associação.

Destacamos dois pontos:

Jean Paul Prates foi um ativo porta voz dos interesses das petrolíferas privadas, em especial das maiores multinacionais estrangeiras. Incentivou a aceleração dos leilões e a promoção da participação das petrolíferas estrangeiras.

(...)

As opiniões e a atuação histórica do senador Jean Paul Prates (PT-RN) são contraditórias e incompatíveis com as políticas defendidas pela Aepet.

Já se passaram 54 dias desde o primeiro artigo da Aepet e 41 dias do segundo.

Estranhamente, ignorados por veículos da mídia hegemônica, parlamentares e até por sindicatos de petroleiros.

Acontece que a Aepet fala simplesmente por 5 mil engenheiros da Petrobrás.

Daí esta entrevista com o engenheiro e vice-presidente Felipe Coutinho.

ViomundoO senador contatou a Aepet para contestar o artigo?

Felipe Coutinho — Em nenhum momento.

Como explica o silêncio da mídia, de parlamentares e até de sindicatos sobre denúncias feitas nos artigos da Aepet?

Os meios de comunicação no Brasil são subordinados aos interesses estrangeiros, entre os quais os das petroleiras internacionais. Já parlamentares e sindicatos, com honrosas exceções, esperam benefícios do governo em gestação.

Em contrapartida, de uns dias para cá, há uma enxurrada sincronizada de notícias dando o senador Jean Paul como o escolhido pelo presidente Lula para chefiar a Petrobrás.

São notícias plantadas para apresentar o Jean Paul Prates como presidente escolhido. Com apoio do capital financeiro e seus porta-vozes na mídia corporativa, ele já se comporta como tal, sentando-se na cadeira antes da nomeação. Isso desmobiliza alternativas políticas.

Uma espécie de cerco midiático e publicitário?

Sim, mas sempre escondendo as posições históricas de Jean Paul Prates em relação à Petrobrás e ao petróleo brasileiro. Querem apagar ou reescrever a história dele.

Cerca de 5 mil engenheiros da Petrobrás são associados da Aepet. O que o senhor fala/escreve os representa?

Sim.

No início do seu texto, o senhor coloca duas questões: Quem é Jean Paul Prates? Seria um bom presidente para a Petrobrás? Juntando as duas, pergunto: Jean Paul Prates seria um bom presidente para a Petrobrás?

Não, principalmente quando o foco é — e deve ser — a reconstrução da Petrobrás. Portanto, o oposto do que ele fez e defendeu ao longo de sua carreira.

No seu texto, o senhor afirma que o senador Jean Paul Prates:

- Desde 1991, atuou como empresário e consultor das petrolíferas que pretendiam explorar o petróleo e o mercado brasileiros, através da Expetro Consultoria.
- Foi ativo porta-voz dos interesses das petrolíferas privadas, em especial das maiores multinacionais estrangeiras.
- Incentivou a aceleração dos leilões e a promoção da participação das petrolíferas estrangeiras.
- Em 1997, defendeu a privatização da Petrobrás, sustentando que isso era viável em três anos.
- Foi entusiasta da quebra do monopólio estatal do petróleo exercido pela Petrobrás, no governo FHC.
- Participou da elaboração da Lei do Petróleo (Lei No 9478/97), que com FHC quebrou o monopólio exercido pela Petrobrás, e foi redator do Contrato de Concessão.
- Foi crítico da participação relevante da Petrobrás no refino e produção de combustíveis no Brasil.
- Foi contrário à Lei da Partilha que garantia a Petrobrás como operadora única e a participação da União com a propriedade de uma parte do petróleo produzido.
- Defendeu a internacionalização dos preços dos combustíveis para viabilizar a lucratividade das petrolíferas concessionárias.No início do primeiro governo Lula, em 2003, foi um crítico da política de conteúdo nacional nos investimentos da Petrobrás. Disse que "Fomentar a indústria nacional deve ser só uma parte do processo, não o carro-chefe".

Na prática, o que demonstram essas informações?

Os fatos revelados falam por si só. Mostram a natureza histórico-entreguista da postura pública de Jean Paul Prates.

Essas informações sobre as posições de Jean Paul Prates são baseadas em quê?

Primeiro, elas são fatos e não especulações. Segundo, as informações baseiam-se em entrevistas à imprensa e artigos do próprio Jean Paul Prates publicados em grandes jornais (veja alguns, ao final).

Em 1997, ele participou da elaboração da lei do Petróleo, como consultor do Ministério de Minas e Energia. Ou seja, trabalhou dentro do governo FHC pela quebra do monopólio. Depois, através da Expectro Brasil, passou a representar nos leilões da própria Petrobrás as petroleiras beneficiadas pela quebra do monopólio?

Isso mesmo. Ele formatou a quebra do monopólio por dentro do governo. Depois de ajudar a quebrar o monopólio estatal, ele foi ganhar dinheiro do outro lado do balcão.

Nesse sentido, há um artigo antológico do engenheiro Fernando Leite Siqueira, atual diretor administrativo da
Aepet: Lobistas do pré-sal promovem seminário para convencer população

Ele foi publicado no Correio da Cidadania, em 23 de dezembro de 2008 (na íntegra, ao final).

No texto, Siqueira listou os lobistas que já tinham promovido quatro seminários no Senado Federal naquele ano:

"João Carlos de Luca – presidente da Repsol; David Zilberstajn – ex-diretor da ANP; Eloi Fernandes Y Fernandes – ex-diretor da ANP; Adriano Pires e Jean Paul Prates – integrantes do Instituto Liberal, criado pela Shell para derrubar o monopólio estatal do petróleo; os diretores da ANP Haroldo Lima e Nelson Narciso – ex-presidente da Halliburton em Angola".

O argumento dos lobistas era que não seria necessário mudar o regime de concessão para partilha, sendo suficiente simplesmente aumentar a taxação.

Adriano Pires e Prates juntos no instituto criado pela Shell para derrubar o monopólio estatal do petróleo?!

Sim.

Em 19 de março de 2018, a a Expectro Brasil postou em sua página no Facebook entrevista do seu diretor, Jean Paul Prates, ao Jornal da Band.

"A estratégia de fazer caixa, vender ativos e focar na colocação de campos do Pré-Sal em produção é evidente", afirma o texto de apresentação do vídeo (clique aqui para ver).

Pelo que entendi, em março de 2018, Jean Paul Prates defende a venda de ativos da Petrobrás. É isso mesmo?

Sim.

O que acha disso?

Lamentável, mas não fico surpreso.

Como estaria a Petrobrás se tudo o que ele defendeu tivesse sido adotado?

A Petrobrás não existiria hoje

A rigor como presidente da Petrobrás Jean Paul vai estar do outro lado do balcão. Afinal, ele vai defender os interesses de quem?

A sua pergunta é suficiente.

Relatório final do grupo de transição não fala em reverter a devastação causada na Petrobrás desde o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff



Seria como botar uma raposa para tomar conta das ovelhas?

Boa metáfora.

Ele já disse que hoje pensa diferente. É possível isso?

Improvável.

A propósito, na semana passada o Grupo de Trabalho de Minas e Energia do governo de transição do presidente Lula (PT) entregou o relatório final. O senador Jean Paul, como já dissemos, foi o relator do do subgrupo Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. O relatório não fala em reverter a devastação causada na Petrobrás desde o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff. O que acha disso?

É ser cúmplice da devastação. É jogar a pá de cal no patrimônio público já entregue. São igualmente coveiros aqueles que enterram e os que jogam a pá de cal.

Petrobrás ou Petrobras? Por que a Aepet e os sindicatos de petroleiros usam Petrobrás (com acento), enquanto a mídia e a própria Petrobras escrevem sem acento?

A regra ortográfica da língua portuguesa estabelece que Petrobrás tem acento. Porém, em 1994, no Brasil sob FHC, passou a ser escrita sem acento com intenção de entregar a Petrobrás ao capital estrangeiro, seja pela venda de ações na bolsa de Nova York ou pela privatização total.

Nós mantemos o acento por ser o correto na ortografia e pela defesa política da Petrobrás estatal e a serviço do desenvolvimento nacional.

***

O OUTRO LADO

Perguntamos a Jean Paul Prates, via sua assessoria de imprensa, o que ele tem a declarar sobre as denúncias contidas nos artigos publicados pela Aepet contra a sua indicação para presidir a Petrobrás.

Tão logo responda, acrescentaremos aqui.

***

CURRÍCULO INFORMADO EM 2015 PELA CONSULTORIA DE PRATES

https://www.facebook.com/expetrobr/posts/779424012203068

LOBISTAS DO PRÉ-SAL PROMOVEM SEMINÁRIO PARA CONVENCER POPULAÇÃO

Por Fernando Siqueira*, Correio da Cidadania

Em plena comemoração do sexagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, muitas das recomendações nela citadas, além de conclamarem a prevalência de valores humanos nobres, requerem a existência de recursos financeiros corretamente alocados nas sociedades.

Uma nação espoliada, onde seus recursos naturais não são usufruídos pela sociedade, não pode oferecer condições para existências dignas.

A imensa riqueza do pré-sal atrai a cobiça de dois segmentos poderosos: os Estados Unidos da América do Norte e o cartel internacional do petróleo, que há 50 anos domina o setor usando arsenal de transgressões.

Os EUA têm uma reserva de 29 bilhões de barris e consomem cerca de 10 bilhões por ano. Assim, invadiram o Iraque e o Afeganistão, onde já despenderam mais de US$ 2 trilhões, em busca de petróleo.

O cartel internacional do petróleo tem hoje cerca de 3% das reservas mundiais. Segundo o jornal "Financial Times", essas irmãs, na atual conjuntura, estão condenadas a desaparecer em cinco anos. Portanto, estes dois segmentos precisam de reservas para sair do sufoco, e o pré-sal seria a solução.

Com esse objetivo, eles cooptam lobistas nacionais para promover seminários, artigos na grande imprensa e outras ações para fazer a opinião pública aceitar a exploração das nossas riquezas por empresas estrangeiras, ou seja, levam mais de 50% em detrimento do povo brasileiro.

Como conseqüência, aparecem inúmeros artigos e entrevistas na nossa mídia buscando nos convencer sobre propostas que, se bem explicadas, seriam repudiadas.

Os lobistas estão no Congresso Nacional e junto ao Executivo, visando influenciar o processo de decisão, defendendo propostas que significam a usurpação desta dádiva recebida pelos brasileiros.

Só no Senado Federal, neste ano, já ocorreram quatro seminários, onde os tais lobistas — João Carlos de Luca – presidente da Repsol; David Zilberstajn – ex-diretor da ANP; Eloi Fernandes Y Fernandes – ex-diretor da ANP; Adriano Pires e Jean Paul Prates – integrantes do Instituto Liberal, criado pela Shell para derrubar o monopólio estatal do petróleo; os diretores da ANP Haroldo Lima e Nelson Narciso – ex-presidente da Halliburton em Angola e nomeado diretor daquela agência reguladora para atender aos interesses da Halliburton, que comanda vários jornalistas e professores "contratados" para defender as diretrizes da referida multinacional e dos EUA–, que querem nos ludibriar, alegam que não é necessário mudar o atual marco regulatório para ser retirado o petróleo do pré-sal, bastando só aumentar a taxação, o que não nos interessa por várias razões, dentre as quais está a resultante perda da posse do petróleo.

Sem esta posse, não poderemos usar o petróleo geopoliticamente, reivindicando a aceitação de países para teses que nos são caras, em troca da garantia de seu suprimento.

O atual marco regulatório só interessa aos EUA e ao cartel internacional, porque garante às empresas estrangeiras a propriedade sobre o petróleo que extraírem, podendo exportar todo esse petróleo.

*Fernando Leite Siqueira, engenheiro, atual diretor administrativo da Aepet. Em 23 de dezembro de 2008, quando publicou este artigo no Correio da Cidadania, era diretor de comunicação da entidade.


OPINIÕES DE JEAN PAUL PRATES EM O GLOBO

No PDF mais abaixo, juntamos três reportagens e um artigo publicados em O Globo que externam as opiniões de Jean Paul Prates.

Para facilitar, separamos os trechos em que é citado em cada um deles.

Seguem a data, o título da matéria e o trecho destacado.

27 de julho de 1997: Parcerias bilionárias para o petróleo brasileiro.

13 de junho de 1999: O fim do monopólio da extração do petróleo. Jean Paul defende o fim do monopólio


6 de novembro de 1999: TCU questiona licitação do petróleo. Prates fala representando as petroleiras estrangeiras

17 de agosto de 2004: em artigo, Jean Paul Prates defende a participação de empresas estrangeiras

Fonte: VIOMUNDO

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