Parceria da Avibras com empresa espanhola levará a perdas para o Brasil

Acordo prevê transferência de tecnologia do sistema Astros

Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos em Região

A Avibras anunciou, nesta quarta-feira (27), a intenção de estabelecer uma parceria com a empresa espanhola New Technologies Global Systems (NTGS) para a produção do Sistema de Artilharia de Mísseis e Foguetes Astros fora do Brasil.  O acordo prevê a transferência de tecnologia do sistema, considerado um dos mais avançados do mundo – o que explica o interesse da NTGS em formar um consórcio com a Avibras.

Essa parceria representa uma grave perda para o Brasil, que levou décadas para chegar ao atual patamar de desenvolvimento do setor de Defesa. Dada a sua importância para o setor bélico, o Astros não poderia, em hipótese alguma, ter sua tecnologia transferida para outro país.

De acordo com a nota divulgada pela própria Avibras, a transferência vai depender das necessidades do governo espanhol, e não mais do Brasil.

Há ainda outra questão a ser avaliada neste momento. Segundo o site espanhol Defense.com, o consórcio com a NTGS possibilitará a abertura de 1.200 vagas de empregos em duas províncias naquele país (Jaén e Badajos). Enquanto isso, no Brasil, os trabalhadores da Avibras continuam sem salário e sem garantia de que continuarão com seus empregos. Eles estão em greve há um ano por falta de salário.

O papel da Avibras para a Defesa confirma a necessidade urgente de o governo federal fazer a estatização da empresa. A Avibras está em recuperação judicial e corre o risco de ficar em mãos de capital estrangeiro, apesar de ser estratégica para o país. Com isso, o Brasil e os brasileiros só têm a perder.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, representante dos trabalhadores da Avibras, já enviou cartas repetidas vezes ao governo federal – nas gestões de Jair Bolsonaro e de Luiz Inácio Lula da Silva – solicitando reuniões para discussão sobre o drama dos trabalhadores e defendendo investimentos públicos na empresa, inclusive com sua estatização. Apesar da urgência da situação, ainda não houve qualquer medida que levasse à regularização salarial definitiva ou à garantia da continuidade das operações da fábrica.

A iminente parceria entre a Avibras e a NTGS mostra que não se pode mais esperar. A entrega da fábrica brasileira para os espanhóis será um crime de lesa-pátria que tem de ser imediatamente impedido. Tivemos o exemplo no episódio da quase-venda da Embraer para a Boeing, que depois provou-se um erro que levou a um prejuízo bilionário para a brasileira, além da migração de engenheiros para a norte-americana.

O governo federal não pode se omitir ou aprovar a entrega da Avibras para a NTGS. Essa é uma empresa dos brasileiros e tem de ser estatizada. Este é o único caminho.

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