Passado revolucionário no Oeste baiano

Por Ellen Lis M. Melo para o portal O Momento

Santa Maria da Vitória, uma cidade tão pequena e apática que a primeira vista você não consegue enxergar nada além das poucas luzes e do rio Corrente, mas por trás dessas características que tornam tão pequena essa cidade, existem nomes tão grandiosos dos quais não imaginamos e, atrás de sua história, existe um passado revolucionário.

A cidadezinha do interior do oeste baiano conta com o forte nome de Clodomir de Morais, sociólogo, militante comunista, deputado estadual e uma das lideranças das Ligas Camponesas. Teve seus direitos políticos cassados durante a ditadura militar. Foi preso e até mesmo dividiu cela com Paulo Freire. Alguns anos após a ditadura militar, foi fundada nessa mesma cidade a primeira comissão do PCB em 1988, composta pelos fundadores: Angelica Rodrigues, Jurimar Silva, Luciene Dourado, Joana Mares e Joaquim Lisboa. Em uma conversa com Joaquim, popularmente conhecido como “kinkas”, ele me faz o seguinte relato: “O que nos motivou a criar um diretório do Partidão foi antes de tudo um lance afetivo. Santa Maria é berço de dois militantes de peso do partido: Osório Alves de Castro, que inclusive ajudou a criar a agremiação, fundada em 1922 [ele foi pra lá em 23], em várias cidades do interior de São Paulo. E Clodomir Santos de Morais, um dos expoentes do PCB no Pernambuco tendo sido deputado estadual pelo PTB que abrigava os comunistas na época, 1954. Morais foi expulso do PCB por ter optado pela luta armada nas Ligas Camponesas; os futuros guerrilheiros iam treinar em Cuba com pleno apoio de Fidel e Che.” (…)“O PCB em Santa Maria teve grande influência na eleição pra presidente da República em 1989. No Polivalente, atual CETEP, a votação em Roberto Freire [há tempos um comunista arrependido, hoje no merecido ostracismo] foi a mais expressiva. Naquele ano eu exercia como diretor da escola estadual.”.

O enfraquecimento do marxismo no mundo inteiro e a falta de oportunidades dessa cidade levou a queda do PCB em Santa Maria da Vitória por muitos anos.

De acordo com Kinkas: “Com minha ida pra Brasília, a do outro companheiro pra São Paulo, Angélica ficou praticamente sozinha, sem condição de tocar adiante o projeto PCB.”

Somente em 2023 que finalmente, Santa Maria da Vitória, recebe novas faces de jovens comunistas. Estampados pela UJC, essa pequena cidade recupera seu caráter radical.

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