Privatização do Carnaval em Vitória

Bar da Zilda e populares sofrem repressão no Centro da capital

No final da tarde do dia 01 de março de 2022, terça-feira, um bar tradicional do Centro Histórico da cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, foi surpreendido com a apreensão de seus aparelhos de som, mesmo que não estivessem sendo usados no momento. Foi o início de uma noite de terror para a senhora Zilda Antônia de Aquino, proprietária do Bar da Zilda e figura muito admirada na região, que terminou com uma multa de R$1.300,00, sob acusação de que o estabelecimento promovia festa clandestina.

De acordo com a prefeitura, o Bar da Zilda teria sido o responsável pela aglomeração de pessoas na Escadaria da Piedade, R. Maria Saraiva e R. Sete de Setembro, e isso descumpriria o Decreto 20.415/2022, que proibira concentrações durante o Carnaval. Porém, o Bar só é responsável pelos clientes que são usuários do estabelecimento, não sendo sua incumbência supervisionar as pessoas que estão transitando nas ruas ao redor.

Seguindo uma prática corriqueira da atual gestão na capital, a Ronda Ostensiva Municipal dispersou com violência os jovens com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta, sem que houvesse tentativa de diálogo ou qualquer forma de resistência organizada. Pessoas passaram mal dentro de estabelecimentos e também nas ruas. Esta ação brutal não se repetiu nos bairros nobres da cidade, onde festas privadas ocorreram tranquilamente.

Na prática, este decreto e ações visavam apenas à privatização do carnaval na cidade, sufocando a manifestação cultural popular (uma vez que a atual gestão cancelou a sua participação na organização das festas de rua e as proibiu), privilegiando, assim, os interesses de donos de Clubes e Boates, que registraram lotação e aglomerações durante todo o feriado, sem sofrer qualquer tipo de represália.

Essa intervenção repressiva contra trabalhadores e populares, sob a desculpa de se combater a proliferação da Covid-19, só demonstra a hipocrisia e o caráter antipovo do atual prefeito, o bolsonarista Lorenzo Pazolini (Republicanos). O ex-delegado é conhecido por suas posições negacionistas e antivacina (sancionou há poucos dias lei que proíbe a exigência de passaporte vacinal no comércio da cidade), por suas políticas higienistas contra pessoas em situação de rua, pela péssima gestão na educação municipal (a rede, que já foi referência nacional, hoje está vivendo um caos), pelos ataques aos direitos dos aposentados e pelo desmonte das políticas de Cultura.


O PCB repudia veementemente a postura autoritária, antipopular e elitista da gestão do bolsonarista Pazolini no município de Vitória. Prestamos solidariedade à senhora Zilda e os populares que sofreram repressão num momento de lazer e conclamamos à população a se somarem ao ato do Grito da Cultura, no dia 15 de março, a partir das 15h, com concentração na praça do Bairro Jesus de Nazareth e caminhada até a prefeitura da capital.


Fora Bolsonaro!
Fora Pazolini!
Pelo Poder Popular!