Revolução Cubana: a solidariedade é uma via de mão dupla
Por Alan Marques - PCB/Membro casa de amizade brasil cuba Ceará
No último dia 26 de julho, comemoraram-se os 72 anos do assalto ao quartel Moncada pelo grupo guerrilheiro liderado por Fidel Castro, marco inicial do processo revolucionário em Cuba. Nos anos seguintes, um sem-número de mulheres e homens da pequena ilha caribenha mostraram o seu vigor e a possibilidade de soberania e autodeterminação para uma nação latino-americana, sem se dobrar aos interesses do imperialismo norte-americano.
Até a década de 1950, a economia cubana era fortemente dependente dos Estados Unidos e a sua política sofria ingerência da potência norte-americana, tanto interna quanto externamente. Antes disso, até o final do século XX, Cuba sofria com o colonialismo direto da Espanha.
É verdade que os Estados Unidos também lutaram contra os espanhóis na Guerra de Independência Cubana, que se encerrou em 1898. Mas a troco de quê? A titularidade da colonização apenas foi transferida da Espanha para os EUA, e a Emenda Platt e a base militar de Guantánamo são exemplos sintomáticos da situação que se prolongaria na ilha caribenha até a década de 1950.
Em seguida à declaração do caráter socialista da Revolução Cubana por Fidel Castro, em 1961, veio a frustrada tentativa de invasão da Baía dos Porcos por forças ligadas ao imperialismo norte-americano. No ano seguinte, os EUA iniciaram o embargo econômico a Cuba, que, entre vai e vens, persiste até hoje. Os limites e as contradições da Revolução Cubana, que certamente existem, devem sempre considerar essa constatação, bem como lembrar do passado colonial na história do país.
Neste momento do texto, ouso afirmar: Cuba não é um exemplo. Cuba são vários exemplos.
Exemplo de luta e de resistência de uma pequena ilha, cujo bravo povo não se dobra diante dos assédios do gigantesco império que mora ao lado.
Exemplo de solidariedade. Mesmo sofrendo com o desumano bloqueio, os cubanos não se furtaram de prestar solidariedade a diversos povos no mundo, mesmo em países que subscrevem as sanções imperialistas. Para citar um exemplo, a Brigada Médica Henry Reeve foi fundada por Fidel Castro, em 2005, com o objetivo de prestar assistência médica em situações de crise sanitária. Em 2020, houve até mesmo uma campanha em favor da premiação com o Nobel da Paz para os médicos da Brigada pelos serviços prestados durante a pandemia de covid-19.
A sanha imperialista nos faz lembrar que aos cubanos também se deve solidariedade, que esta é uma via de mão dupla. Só neste ano, com o retorno de Trump a Washington, assistimos à reinclusão de Cuba na lista de países que patrocinam o terrorismo e ao Memorando Presidencial de Segurança Nacional (NSPM) que aplica medidas de recrudescimento do bloqueio, notadamente sobre o turismo cubano. Urge que se fortaleçam os movimentos de solidariedade e a pressão pelo rompimento do bloqueio.
Exemplo a ser seguido, pelo legado revolucionário do socialismo cubano. Retomando como assunto o 26 de Julho, foi por ter um programa revolucionário vinculado aos interesses do proletariado que a Revolução Cubana pôde ter os êxitos que teve, resistindo até hoje. Não se constrói o Poder Popular sem esse amálgama, que é o apoio das massas junto a um programa revolucionário. Que esses exemplos nos sirvam de inspiração! Não para seguirmos os mesmos passos, mas a mesma direção, qual seja: a da soberania nacional, da justiça social, do socialismo.
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