Rodoviários entram em greve em Teresina nesta segunda (21)
Os trabalhadores rodoviários de Teresina decidiram iniciar nesta segunda-feira (21/03) uma greve por tempo indeterminado. O sindicato paralisou 100% dos ônibus que circulam pela capital piauiense.
O Sindicato dos Rodoviários de Piauí (Sintetro), estão em campanha salarial e pretende evitar a realização de um projeto que tem como objetivo demitir os cobradores e colocar os motoristas em dupla função, o que além de gerar o desemprego de muitos trabalhadores, ainda vai sobrecarregar os motoristas.
O transporte coletivo de Teresina vem passando por problemas, impasses e indefinições. Em 2020, quando a pandemia de covid-19 chegou ao Piauí, os ônibus da capital passaram a circular em número reduzido e, em alguns momentos, sequer circulam. Os teresinenses chegam a esperar mais de duas horas nas paradas de ônibus por um transporte.
A situação se agravou ainda mais depois que os decretos municipais flexibilizaram o funcionamento de atividades que antes estavam restritas. Com a vida aos poucos voltando a uma nova normalidade, os ônibus começaram a fazer falta. As empresas de ônibus de Teresina alegaram perdas durante o período mais crítico da pandemia e dificuldades de operacionalizar o serviço para atender à demanda crescente.
Do outro lado, motoristas e cobradores reclamam das condições de trabalho e pedem o retorno de benefícios que foram retirados por conta da crise como o tíquete alimentação e o plano de saúde. “A gente passou a receber em diárias, ou seja, os dias que não trabalha, não recebe. Esse foi um acordo firmado com as empresas quando a situação estava mais difícil, mas agora não tem mais porque ser assim: nós queremos receber o piso. Tudo voltou a funcionar, só os ônibus que continuam reduzidos e a gente [motoristas e cobradores] passando necessidade”, afirma Antônio Cardoso, presidente do Sintetro.
TENTATIVAS DE NEGOCIAÇÃO
O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (Setut) atribui à Prefeitura de Teresina as dificuldades de operacionalizar os ônibus coletivos da capital. Segundo a entidade, o poder público possui com os empresários uma dívida de R$ 73 milhões referentes aos subsídios das gratuidades e meia-passagens cobradas na catraca. Por causa desse déficit financeiro, as empresas dizem não ter condições de arcar com as reivindicações exigidas pelos profissionais.
O fechamento de um acordo entre empresários com os motoristas e cobradores ficou para janeiro deste ano, na data base da categoria. No entanto, nenhuma das reuniões realizadas até agora resultou em um consenso. Do outro lado, a Prefeitura de Teresina afirma que as empresas de ônibus estão descumprindo o contrato firmado ao final de 2021 e a ordem de serviço de fevereiro deste ano, que determinou a ampliação da frota disponível após o retorno presencial das aulas no Estado e no Município.
As empresas de ônibus de Teresina já foram notificadas da greve dos motoristas na segunda-feira (21). Por meio de nota, o Setut disse que falta diálogo efetivo com a Prefeitura do acordo firmado em outubro de 2021 e que falta objetividade dos gestores públicos em apresentar soluções para o transporte.
“O Setut tem participando de mesas de negociações e propostas junto à Superintendência Regional do Trabalho, buscando solucionar as demandas trabalhistas dos motoristas e cobradores de ônibus. As empresas seguem cumprindo devidamente suas obrigações e o acordo firmado com a Prefeitura de Teresina, assumidas em outubro de 2021. Contudo, como a gestão municipal não tem cumprido, desde janeiro de 2021, com as diversas obrigações contratuais, principalmente no tocante ao repasse das verbas necessárias à sobrevivência do setor, isso tem inviabilizado por completo qualquer possibilidade de haver acordo trabalhista para com seus colaboradores”, diz Naiara Moraes, consultor jurídica do Setut.
Fonte: Jornal O Dia