Uma breve análise de conjuntura sobre a América Latina

Dimas - Militante do PCB em Franca - SP

Com a crise do capital se aprofundando é possível dizer que o grau de acirramento das contradições no seio desse modo de produção, imposto mundialmente por meio da atividade imperialista de alguns poucos países que querem assegurar o predomínio de seus monopólios no plano econômico e de sua condição hegemônica no plano geopolítico, sobretudo os EUA, vem se intensificando de tal modo que já se tem um ambiente de conflito mundial latente, que pode explodir em uma guerra de grandes proporções a partir de vários pontos do globo e a qualquer momento, haja vista os conflitos na Faixa de Gaza, com o genocídio da população palestina; em África, com a série de tomadas de tomadas de poder forças militares; na Europa, com a guerra entre Rússia e OTAN, que usa a Ucrânia como para-choque;  e agora também na América Latina, em torno da questão da legitimidade das eleições  venezuelanas. Todos esses conflitos particulares vão se articulando e ganhando uma coesão explosiva junto a um conflito mais amplo que atualmente divide o globo terrestre, ocasionado pela decadência da hegemonia geopolítica estadunidense em contraposição ao crescimento econômico chinês e seu conjunto de parcerias geopolíticas, principalmente com a Rússia.  

Tendo essas condições concretas em vista, aqui se faz uma breve análise de conjuntura sobre a América Latina, notando a grave situação para a qual caminhamos:

1) A tática do imperialismo estadunidense, para ir ganhando espaço na América Latina, vem sendo se apoiar na questão Venezuela para enfraquecer a unidade do Mercosul por meio de pressão em governos que tenham uma agenda minimamente independente da agenda do imperialismo.

2) As contradições na América Latina estão sendo acirradas, preparando o terreno para a emergência de conflitos graves, isso tem o Imperialismo como principal agente e promotor, para beneficiar seus interesses de diversas maneiras: economia de recursos para a máquina de guerra dos EUA, jogando os conflitos para um território mais próximo; controle de jazidas de minérios, tais como lítio e petróleo, que a Venezuela e outros países podem oferecer aos inimigos, Rússia e China; colocar no poder governos alinhados com o Imperialismo, fortalecendo o caráter de neocolonialismo; enfraquecer o Mercosul e recolocar na ordem do dia uma nova versão do ALCA, com previsão de dolarização; e destruir os vínculos do continente com os BRICS.

3) A transição da tecnologia energética do petróleo para super-baterias está sendo também a transferência de conflitos típicos do oriente médio para a América Latina. A ponta de lança desse processo está sendo um conflito e uma tentativa de golpe de Estado na Venezuela, mediante o não reconhecimento do resultado das últimas eleições.

4) Essa estratégia de acirramento de contradições e promoção de conflitos na América Latina, a partir do cerco à Venezuela, não é nova, o Governo Bolsonaro já investia pesado sobre a Venezuela. Mas o COVID atrasou esse planejamento imperialista, que envolvia a tática de utilização de governos de extrema direita. O plano estratégico persiste, mas a tática mudou, já que a extrema direita, enquanto o “grupo de Lima”, não perdurou tempo suficiente.

5) O governo de frente ampla do PT é incapaz de fazer frente às investidas do imperialismo, tendendo muito mais a assumir as pautas de extrema direita colocadas pelo imperialismo, tal como é o caso do “pedido de atas”, como subterfúgio para deslegitimar as eleições venezuelanas e não reconhecer o voto da população de elegeu Nicolas Maduro. Pois esse governo de frente ampla é formado pelo partido hegemônico da classe trabalhadora, que é também um partido que não se baseia na classe trabalhadora como força organizada para a resistência, preferindo a negociação rebaixada à luta, o que termina por submeter a classe trabalhadora aos desígnios do capital; e por um conjunto de forças políticas que são representantes diretos com setores do capital financeiro e do agronegócio. Tendo esses setores do capital nacional tem interesses conjuntos aos do imperialismo.

Para enfrentar o imperialismo com uma postura forte, é necessário reconhecer a legitimidade das eleições venezuelanas e também, em âmbito nacional, basear o governo deve na classe trabalhadora organizada, abandonando as negociatas com o grande capital. Portanto, antes de mais nada, é dever primordial direcionar recursos para promover e ampliar a organização das trabalhadoras e trabalhadores, como o objetivo estratégico de construção do poder popular, visando a defesa da soberania nacional e da autodeterminação dos povos.

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