Uma nota desafinada sobre violência nas escolas, neoliberalismo, fascismo e política de produção de índices
Por Prof. Dr. Alex Santos - Docente do Curso de Pedagogia da FACEDI/UECE, cineclubista, poeta e militante da Unidade Classista.
Diante do contexto de pânico, medo e violência banal movido pela política fascista do ódio, pulsa como tarefa fundante da docência, das gestões escolares pensarem uma cultura política, voltada para a solidariedade de classes, a formação estética criativa e coletiva como processos de sociabilidade em que se partilhe o sensível para combatermos a cultura necrófila que tenta se instalar.
Esse cenário de pânico e medo, por um lado, ódio de outro, está associado à derrota da organização coletiva e solidária pelo individualismo consumista, que se impôs feito erva daninha no imaginário social e nas práticas culturais num intervalo de tempo que no Brasil ultrapassa três décadas. Tal imposição se deu pela ideologia neoliberal, sistematicamente imposta como projeto político, onde o mercado e a competição desenfreada são cultuados como Osíris e Ísis, no campo das relações sociais e de poder.
A espetacularização da vida e do cotidiano pelas mídias tradicionais e digitais (espécie de "Show de Truman", dirigido por Peter Weir que se mistura a "1984" de George Orwell); a produção de um volume colossal de informações que parece atuar mais para desinformar, situação que produz uma massa de ansiosos, a precarização do labor e da existência, as quais se somam as evidências da face espúria de barbárie (Rosa Luxemburgo já alertava em ensaio de 1916 "Socialismo ou Barbárie"), a filósofa revolucionária polaco-alemã não estava de todo equivocada quando associamos a equação: neoliberalismo + neofascismo = barbárie. E percebam que essa equação cresce em intensidade depois da derrota do socialismo real no leste europeu no final dos anos de 1980.
E as nossas escolas de educação básica que têm se orientado por uma tara absurda onde a pulsão do desejo de gestores e gestoras e marcada por índices de desempenho, formação para o sucesso, preparação do vencedor, modelagem do empreendedor. Isso uma hora iria se manifestar em frustração, sofrimento, dor e violência, pois os "perdedores" numa sociedade polarizada e em que ronda o fantasma do fascismo em seu empreendimento para acabar com o fantasma do comunismo, nessa guerra de fantasmas, os perdedores vão virar massa de manobra e as correias de transmissão do ódio e da violência banal como projeto político-ideológico do fascismo, o qual na era do capitalismo de vigilância e das Big Tech, tonou-se hospedeiro cativo dos ambientes virtuais.
Vejam nossa tarefa não é das menores, porque a barbárie a ser enfrentada saiu dos filmes de ficção e começou a bater com força em nossos espaços reais, no caso mais específico as instituições escolares. E uma das faces da barbárie que se expressa no corpo do fascismo é o pânico e o medo. O lema perece ser: produza a desordem e o caos para que o autoritarismo desmedido possa ganhar força. É dividindo que iremos conquistar! Por sinal, um lema bastante útil para quem deseja que a política armamentista e de militarização das escolas prevaleça. E é sobre os perigos desse lema que devemos estar atentos e fortes!
Porque ao final de tudo com a violência banal como parte de uma projeto estruturante, onde o genocídio e as milícias, junto com o crime organizado tentam assumir o controle do Estado e das condutas do cotidiano, quem realmente perde é a humanidade fundada no espírito de comunidade, solidário, de pertencimento, bem como, o sentimento de irmandade, diante da ira e do culto corrosivo ao ódio.
Por isso mesmo é urgente uma mudança no curso de nosso zeitgeist, ou para lembrar Nação Zumbi "é desorganizando que posso me organizar", vamos desorganizar essa bagunça fascista e neoliberal, para reorganizar o socialismo novamente, antes que sucumbamos perante nós mesmos por continuarmos insistindo nos barbarismos que sustentam o modo de produção capitalista e sua incontrolável ordem sociometabólica que é produzir lucratividade para as corporações privadas, espetacularizar o real, ampliar as ilusões para manter o reinado de exploração e opressões.
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