Usina São José S/A compra o direito de matar o ecossistema do Rio Piracicaba por 18 milhões

Usina São José S/A compra o direito de matar o ecossistema do Rio Piracicaba por 18 milhões

Por: O Poder Popular ·

PCB Piracicaba-SP

Multa irrisória ainda pode diminuir caso empresa ganhe em recurso à justiça.

Não é a primeira vez que Piracicaba amanhece com o rio cheio de peixes mortos, mas dessa vez a proporção bateu recordes. Já se sabe que o ocorrido está relacionado com descarte irregular de substâncias agroindustriais na água. As cenas são muito preocupantes, de uma hora para outra 20 toneladas de peixes morrem, a cor do rio muda e exala um mal cheiro forte por uma extensão de mais de 60 km. As perdas são irreparáveis, dentre as espécies de peixes mortos, estão o Piracanjuba e o Matrinxã, que já corriam sério risco de extinção mesmo antes do ocorrido; e animais como jaguatiricas, onças-pardas, jacaré de papo amarelo, dentre outros que dependem do rio para sobreviver. Em análises iniciais, especialistas relatam que nem em 9 anos o rio e seus afluentes conseguiriam recuperar o estrago deste crime ambiental, atingindo todo o ecossistema e também a população que depende do rio, cujo sustento provém de pesca e turismo devidamente regularizados.

O órgão responsável pela investigação do caso é a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que já identificou como o principal responsável pelo envenenamento da água a Usina São José S/A de Açúcar e Álcool localizada na região de Rio das Pedras (SP) e multou em 18 milhões a empresa que possui mais de 460 milhões de capital social. A multa é irrisória e ainda pode diminuir caso a empresa recorra e ganhe o caso.

Sobram exemplos no Brasil e no mundo de como a burguesia está disposta a sacrificar qualquer coisa, até mesmo nosso próprio (e único habitável) planeta, para acumular mais capital e se manter em posição dominante na sociedade. Bem como o rompimento das barragens em Brumadinho (MG) e Mariana (MG), as enchentes no Rio Grande do Sul e o crime da Braskem em Maceió (AL), já é sabido que não se tratam de acidentes, mas sim ações deliberadas. A irregularidade das barragens, o descarte irregular de dejetos e o aumento de chuvas e defeitos em tubulações são identificados por profissionais e órgãos fiscalizadores muito antes da tragédia ocorrer. O pagamento de uma multa não traz vidas de volta, não recupera um ambiente destruído, não compensa financeiramente a comunidade local.

O capitalismo mantido pela burguesia busca crescimento e desenvolvimento infinito e acelerado em um planeta de recursos finitos. Os burgueses cada vez mais ricos e nós trabalhadores continuamos sem acesso digno de tudo que produzimos. Nessa mesma lógica a burguesia degrada cada vez mais o ambiente, mas sempre distante da degradação e a classe trabalhadora e povos tradicionais lidam, sofrem e  morrem, tamanha é a destruição. Esse sistema já se provou insustentável para o ambiente e para todas as formas de vida incluindo nós seres humanos. As mudanças climáticas previstas estão se manifestando cada vez mais rápido, surpreendendo até cientistas e as poucas iniciativas de restauração não estão dando conta dessas mudanças. Os animais então sumindo, os rios estão sendo envenenados, as florestas estão pegando fogo, as pessoas estão morrendo, até quando?

Mesmo com multas, a prática desta e de todas as outras empresas que extraem recursos naturais não vai mudar enquanto não tomarmos as rédeas e transformarmos o modo de produção para que ele sirva aos interesses dos trabalhadores. Nós já estamos vivendo as distopias que tanto tememos e, por isso, não temos tempo a perder! Temos que acabar com o modo de produção capitalista antes que ele acabe com o nosso planeta! Nosso inimigo é forte, mas nós somos muitos e não vamos deixa-lo escapar!

Pela responsabilização civil e penal imediata da Usina São José S/A!

Pelo encerramento de atividades privadas que colocam em risco o meio ambiente, pela estatização da Usina São José S/A!

Pela retomada do rio pelo povo para os interesses do meio ambiente!

Por um novo modelo de produção, popular e comunista!

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