
Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM)
Vila Esperança ocupa prefeitura de Vila Velha em protesto por moradia digna: "Queremos acordo, não migalhas!"
Manifestantes exigem diálogo para regularização de área ocupada há oito anos; violência policial e prisão de adolescente marcam ato.
Vila Velha (ES), 25 de março de 2025 — Cerca de 800 famílias da ocupação *Vila Esperança*, na região 5 de Vila Velha, protestaram nesta segunda-feira em frente à prefeitura da cidade para exigir a regularização do terreno onde vivem há oito anos. Organizados pelo Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), os manifestantes cobraram do prefeito Arnaldinho Borgo e do governo do estado uma reunião urgente para viabilizar a compra da área pelo governo federal e a construção de moradias populares.
A comunidade, que inclui idosos, pessoas com deficiência (PCDs), mães solo e mais de 500 crianças, vive em condições precárias: não há acesso a água encanada ou energia elétrica regularizada. Apesar de a prefeitura ter emitido um decreto destinando o terreno para habitação social em 2020, nenhuma medida prática foi tomada.
Violência e repressão
Durante o protesto, a Polícia Militar reagiu com força desproporcional: um adolescente foi agredido e preso, mesmo sem registro de confronto. Testemunhas relataram que os agentes priorizaram dispersar os manifestantes em vez de garantir o direito à livre manifestação.
Histórico de abandono e resistência
A Vila Esperança ocupa uma área abandonada há mais de uma década, sem documentação comprovada de propriedade. Em 2022, pistoleiros armados, supostamente contratados por empresários, tentaram demolir casas com um trator. Na ocasião, a PM revistou moradores e liberou os agressores, sem apreensão de armas.
"Enquanto o prefeito protege interesses de especuladores, famílias vivem sem o mínimo de dignidade", denunciou Adriana "Baiana" Paranhos, líder comunitária e dirigente estadual do MNLM. Ela destacou que a comunidade mantém projetos sociais, como hortas coletivas, aulas para crianças e doações, sem qualquer apoio municipal.
Projeto federal ignorado
Há meses, o governo federal sinalizou recursos para comprar o terreno e urbanizar a área, garantindo infraestrutura básica. O plano, porém, depende da adesão da prefeitura, que segue alinhada a grupos empresariais. "Borgo prefere ver crianças sem água a contrariar a especulação imobiliária", criticou Baiana.
Reivindicações urgentes
O movimento exige:
Libertação imediata do adolescente preso;
Audiência pública com prefeitura, governo estadual e federal;
Investigação dos ataques de 2022;
Implementação do projeto de urbanização.
Enquanto a prefeitura insiste em criminalizar a luta por moradia, a Vila Esperança segue como símbolo de resistência. "Não vamos recuar. Transformaremos essa área em um bairro digno para quem constrói a cidade todos os dias", afirmou Baiana, ecoando o sentimento de quem há oito anos transforma abandono em esperança.
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