Após acusar governo de violar cessar-fogo, ELN volta aos diálogos e liberta reféns na Colômbia
Fim dos sequestros foi acordado com guerrilha durante diálogos de paz; próximas negociações devem ocorrer na Venezuela
O Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciou na noite desta quarta-feira (28) a libertação de 26 reféns. A medida é parte do acordo firmado entre o grupo e o governo da Colômbia durante o último ciclo do diálogo de paz, realizado em Havana, Cuba.
Segundo a delegação do governo, a lista com os 26 nomes foi entregue ao grupo armado colombiano durante o 5º ciclo de diálogos de paz realizado no México em 2023. Os sequestrados foram levantados pelo Mecanismo de Monitoramento e Verificação, um órgão técnico estabelecido pela mesa para fazer o levantamento de colombianos sequestrados.
O anúncio foi feito depois de uma crise nas conversas entre o governo da Colômbia e o ELN, após a guerrilha acusar militares colombianos e paramilitares de violarem o cessar-fogo.
Em entrevista à Agência Efe, a negociadora de paz Vera Grabe disse que o ELN “cumpriu os acordos” e que essa era uma das condições para prorrogar o cessar-fogo bilateral. O cessar-fogo entre governo e ELN foi prorrogado até agosto depois do ciclo de negociações de Cuba.
Ainda de acordo com Grabe, uma suspensão dos sequestros não é suficiente. Segundo ela, seria necessário o fim da prática chamada de “retenções com fins econômicos”. De acordo com o jornal colombiano El Tiempo, os últimos reféns foram libertados durante a última semana.
A delegação do grupo armado disse que vai retomar os diálogos com o governo a partir de 8 de abril. As negociações com o governo da Colômbia estavam congeladas desde 20 de fevereiro. O grupo afirmava que o processo estava em “crise aberta” e chegou a convocar sua delegação para consultas.
Em nota, o ELN afirmou que vai continuar com o que foi acordado no último ciclo de debates em Cuba e que vai preparar para o próximo ciclo de debates que está previsto para ocorrer na Venezuela. Ainda assim, a delegação manteve a convocação para as consultas internas no grupo.
A pausa nos diálogos começou quando o ELN denunciou violações dos acordos por parte do governo. A frente do grupo armado que atua no estado de Chocó, na região oeste da Colômbia, interrompeu o cessar-fogo assinado entre o grupo e o governo, em Cuba, durante 5 dias. A medida foi tomada pela Frente de Guerra Ocidental Omar Gómez e teve como justificativa um suposto acordo entre militares e paramilitares na região que, segundo o ELN, impede a "circulação de pessoas e alimentos", além de usar a população local como "escudo humano".
O ELN foi criado em 1964 sob inspiração da Revolução Cubana e da Teologia da Libertação. Tem presença em duzentos municípios, com cerca de 2,3 mil guerrilheiros, com maior concentração nos departamentos de Arauca, Cauca, Chocó, Nariño, Catatumbo e Antioquia, segundo a Fundação Paz e Reconciliação (Pares).
Edição: Lucas Estanislau
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