Boletim informativo - CA Alan Turing - 09/05/2022 - Parte 2

Boletim informativo - CA Alan Turing - 09/05/2022 - Parte 2

Por: Redação ·

O ataque machista da reitoria e o aparelhamento dos mecanismos de comunicação da universidade.

No dia 26 de Abril nós lançamos aqui um boletim informativo debatendo sobre as denúncias feitas pela ADUFC sobre o caráter negacionista do comitê de combate ao COVID criado pela administração superior da universidade, dessa vez, vamos tratar aqui sobre sua resposta, postada no portal oficial da UFC no dia 09 de Abril: https://www.ufc.br/noticias/16807-nota-da-administracao-ataques-da-adufc-nao-maculam-trajetoria-do-comite-de-crise-da-ufc-contra-a-covid-19

Vamos tratar de pegar algumas partes da resposta da reitoria e trabalhar em cima, claramente isso pode ficar um pouco maçante, mas é um trabalho necessário.

“Finda praticamente a pandemia do coronavírus, a entidade [ADUFC] direciona agora seus ataques ao Comitê de Crise para o Enfrentamento da Pandemia da Covid-19 da UFC”

Na resposta, a reitoria da UFC trata como praticamente finda a pandemia de COVID no Brasil. Sobre isso, é preciso que dediquemos um pouco de atenção, afinal, a pandemia realmente acabou?

Por mais que tenhamos tido bons avanços em relação ao número de pessoas vacinadas e a diminuição do número de mortes, falar do fim da pandemia é uma afirmação forte.

O número médio de mortes por COVID no Brasil, ainda que estável, é preocupante e a depender do estado pode estar crescendo em vez de diminuindo, como é o caso do Ceará: https://g1.globo.com/saude/coronavirus/noticia/2022/05/06/brasil-ultrapassa-664-mil-vitimas-de-covid-em-estabilidade-media-movel-e-de-94-mortes-por-dia.ghtml

Para além disso, uma pandemia não acaba quando o número médio de mortes se estabiliza, muito trabalho de estudo, prevenção e cuidado precisa ser feito para diminuirmos as chances de algo como o que ocorreu em 2020-21 possa ocorrer de novo, algo como a exigência de comprovantes de vacinas que a própria reitoria se nega a fazer.

Essa afirmação, vindo de um reitor que ainda em 2020 planejava a volta presencial das atividades acadêmicas sem quaisquer mecanismos de proteção para a comunidade e cuja vacinação não estava nem em perspectiva de acontecer, na verdade escancara seu caráter ideológico e essencialmente negacionista. Vale lembrar que o próprio vice-reitor e líder do comitê de combate ao COVID assinou uma carta de apoio ao presidente da república, figura que na sua política sempre tratou a pandemia como um mal menor ou “apenas uma gripezinha".

Escancarar o caráter negacionista da atual administração é necessário, afinal esse negacionismo é essencialmente contraditório com a postura crítica que devemos ter em uma instituição de pesquisa.

“O Comitê incentivou a vacinação, assessorou a testagem para SARS-CoV-2 e estabeleceu junto com as Pró-Reitorias de Graduação e de Pesquisa e Pós-Graduação os calendários do ensino híbrido e os protocolos de biossegurança. ”

É engraçado falar de incentivo à vacinação ou protocolos de biossegurança quando hoje a administração se nega veementemente em adotar a exigência de comprovantes de vacinas, um dos  mecanismos mais  efetivos de incentivo à vacinação.

Para não falar do caos que foi a adoção do sistema remoto ou híbrido de aulas, realizada de forma completamente desorganizada, às custas dos trabalhos de professores e alunos. Sobre isso vale lembrar a carta do departamentos de computação que questionou a postura  apressada e desorganizada da reitoria diante da situação, fora demais outras queixas dos demais departamentos, lembremos que não houve conversa efetiva com a comunidade acadêmica, apenas uma decisão unilateral e autoritária.

Sobre os problemas enfrentados no ensino remoto, podemos fazer um boletim próprio, mas de antemão avaliamos que o saldo é mais negativo que positivo. A medida mais responsável, a de paralisação do calendário, onde inclusive daria mais tempo para uma organização de uma possível retomada, foi prontamente rechaçada pela reitoria.

“A Universidade, na verdade, evoluiu durante a pandemia, atingindo marcas históricas e inovadoras como 26 patentes próprias, crescimento vultoso em rankings de inovação, conclusão de 51 obras em estado de abandono, implantação do maior plano de inclusão digital de sua história e ampliação de bolsas e auxílios ao corpo estudantil.”

Essa parte tá meio repetitiva, já é a terceira nota que a reitoria se gaba de 51 obras finalizadas. Aliás, sobre isso, é interessante ver que o RU sofre com infiltração grave, comprometendo o momento de refeição dos alunos, e o campus do PICI sofre com problema de iluminação, comprometendo a segurança dos alunos, e isso não é tratado com prioridade!! Foram 51 obras onde? Para quem? Enquanto a manutenção básica do próprio campus é abandonada, para onde estão indo esses recursos?

Sobre inclusão digital e as bolsas, tiveram de fato dois programas principais, podemos tratar isso no boletim sobre o ensino remoto.

“É de se lamentar a cegueira ideológica de um sindicato que se tornou balcão de uma agremiação partidária radical, tanto que a esposa do parlamentar e mandatário maior do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) integra a diretoria da ADUFC, em claro aparelhamento. As acusações feitas, irresponsável e injustamente, ofendem não apenas a presidência do Comitê, mas toda a comunidade acadêmica pelas decisões dele beneficiada e, hoje, unida em prol da normalização plena da vida universitária, pela qual todos lutamos.”

Essa é de fato a parte mais nojenta dessa nota, o reitor acusa de cegueira ideológica a ADUFC enquanto se pinta de “gestor neutro”.

Toda decisão administrativa em uma instituição é também uma decisão política e portanto ideológica, o reitor sempre assumiu uma postura negacionista, autoritária e agressiva, expressando claramente seu viés ideológico reacionário e retrógrado, ele se pinta cinicamente de neutro para fugir da responsabilidade que cobramos e  para bem passar em público!!

Além disso, em nota ele afirma que a denúncia ao comitê só acontece porque a professora em questão é esposa de um parlamentar, como se a sua denúncia não fosse legítima ou como se ela só o fizesse não por conta própria, mas por interesse de seu marido.

A professora poderia ser esposa de quem quer que fosse, isso não invalida a denúncia e seu trabalho e deve ser levado a sério, enquanto isso a reitoria assume uma postura machista para atacar o trabalho de uma docente preocupada com os rumos que a universidade vem tomando. O caráter machista nojento de um homem que se aproveita de sua posição para atacar uma docente deve ser rechaçado!!!

Por fim, a reitoria acusa de aparelhamento da comunicação da ADUFC, ele faz questão de se esquecer que ele próprio se utiliza dos mecanismos de comunicação da universidade para atacar de forma machista docentes e criticar reivindicações legítimas dos alunos enquanto impede representantes discentes nos conselhos superiores, inválida votações de diretórios estudantis, persegue alunos, etc. Quem aparelha os mecanismos de comunicação é a própria reitoria!

A universidade, com essa administração, caminha dando dois passos para trás.

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