Comunistas indianos condenam onda de violência sectária no país

Abril Abril

O Partido Comunista da Índia (Marxista) condena veementemente os ataques a muçulmanos em várias partes do país e pede aos militantes que se mantenham alertas contra "tais manobras sem escrúpulos do BJP."

Numa nota de imprensa, emitida nesta quinta-feira, o Partido Comunista da Índia (Marxista) – PCI(M) condena a escalada de ataques a membros da comunidade muçulmana em várias partes do país sul-asiático desde que os resultados do mais recente escrutínio eleitoral, para o Parlamento nacional, foram anunciados, no início deste mês.

Neste contexto, pede aos seus militantes que permaneçam alertas contra as "manobras sem escrúpulos do BJP [Bharatiya Janata Party]", partido a que pertence o atual primeiro-ministro, e de "outros grupos sectários".

"Esta intensificação dos ataques sectários após os reveses sofridos pelo BJP nas eleições para o Lok Sabha [Câmara Baixa do Parlamento] evidencia o fato de que o BJP e as forças sectárias do Hindutva [nacionalismo hindu] intensificarão as suas tentativas de polarização com uma vingança renovada", lê-se no documento.

Neste sentido, o PCI(M) afirma que "as unidades do partido em todo o país devem organizar imediatamente ações de protesto contra as tentativas cruéis de viciar a atmosfera e de tentar desviar a atenção do povo".

Recorde-se que nas eleições para o Parlamento nacional, celebradas entre meados de Abril e 1 de Junho, o BJP perdeu 63 deputados, passando a deter 240 assentos parlamentares e ficando a 32 da maioria absoluta que antes detinha sozinho com folga. No entanto, a Aliança Democrática Nacional, em que se integra, assegurou no total 293 deputados – 21 acima dos necessários para a maioria absoluta (272).

Ao denunciar a onda de violência, o Partido Comunista da Índia (Marxista) elenca uma série de casos de ataques contra muçulmanos em estados como Chhattisgarh, Uttar Pradesh, Madhya Pradesh, Himachal Pradesh ou Déli.

Refere, a título de exemplo, que na capital de Chhattisgarh, Raipur, três muçulmanos que transportavam bois foram rotulados como contrabandistas de vacas e mortos pelos chamados vigilantes de vacas. Já em Aligarh (Uttar Pradesh), um muçulmano foi espancado até à morte depois de ter sido acusado de roubo.

Em Mandala (Madhya Pradesh), 11 casas de muçulmanos foram demolidas no espaço de 24 horas, na sequência de relatos que davam conta de "carne de vaca" nos seus frigoríficos.

Em Lucknow, capital de Uttar Pradesh, numa zona predominantemente muçulmana, casas de mais de mil famílias foram demolidas para a construção da frente ribeirinha, refere o documento, que também dá conta de protestos de hindus em Vadodara, no estado de Gujarate, quando uma mulher muçulmana recebeu um apartamento num complexo habitacional para pessoas com baixos rendimentos.

Em Nahan, Himachal Pradesh, a loja de um muçulmano foi saqueada e vandalizada na sequência de rumores de que tinha sacrificado uma vaca durante a Eid-al-Adha (Festa do Sacrifício). Todos os restantes 16 comerciantes muçulmanos da cidade tiveram de fugir após o incidente, revela a nota.

Outro caso relatado diz respeito a habitantes de Sangam Vihar, em Déli, que tiveram de fugir da zona depois de "discursos provocadores" proferidos por nacionalistas hindus, após a recuperação da carcaça de uma vaca perto de um local de culto.

Neste sentido, o partido de esquerda insiste no apelo à vigilância, à organização e ao protesto imediato contra os ataques violentos sectários no país sul-asiático.

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