Batalhão de choque da Polícia Militar do MS deixa criança ferida em protesto contra a escassez de água

POR RITA BARBOSA, MILITANTE DO PCB MS.

QUARTA-FEIRA, 27 DE NOVEMBRO DE 2024.

Lideranças indígenas Guarani e Kaiowá iniciaram na segunda-feira (25) a ocupação e bloqueio da rodovia estadual MS-156 que liga Dourados a Itaporã, como forma de protesto pela falta de abastecimento de água potável nas aldeias indígenas Jaguapiru e Bororó. Conforme relatos das lideranças, o abastecimento se dá de forma errática e insuficiente há semanas, sendo entregue apenas por caminhão pipa, prejudicando o acesso da população indígena, em geral, mas também dificultando o suprimento hídrico para escolas e unidades de saúde indígenas da região.

As aldeias Jaguapiru e Bororó, juntas, formam a maior reserva indígena em área urbana no Brasil, possuindo mais de treze mil indígenas das etnias Terena, Guarani e Kaiowá. Desde o início das ocupações, houve deslocamento de forças policiais para o local de forma a tentar coagir os indígenas a dissolverem a ocupação.

Hoje, quarta-feira, 27 de novembro de 2024, no terceiro dia de ocupação, o Batalhão de Choque da Polícia Militar foi acionado para mais uma ação violenta e cruel de repressão armada contra os indígenas. Mediante bombas de gás e tiros de borracha, a PM foi responsável por pelo menos três pessoas feridas - duas mulheres e uma criança - que estão nas áreas vermelha e amarela do Hospital da Vida, em Dourados.

Durante o resgate dessas vítimas pelo SAMU, conforme relatos dos indígenas no local, as equipes do SAMU foram proibidas de entrar no local pela Polícia Militar, sendo os feridos removidos pelos próprios indígenas até a viatura do SAMU - o que viola completamente qualquer perspectiva de assistência pré-hospitalar minimamente qualificada, que coloca em risco tanto os feridos quanto as pessoas responsáveis pelo transporte até as equipes do SAMU. Há informações de mais feridos, porém que não estão conseguindo transporte para atendimento médico de urgência.

Durante o Fórum Estadual de Mudanças Climáticas, em Campo Grande, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), declarou ““A gente não pode tolerar, para além de qualquer discussão e negociação, o que foi feito por três dias seguidos, uma paralisação do Estado”. A isso, acrescentou: “O Estado ele não pode ficar refém de interesses políticos dentro da comunidade indígena”.

Foi feito contato via telefone com a Gestão Estadual do SAMU, da Secretaria Estadual de Saúde, sendo relatado que não houve nenhum tipo de repasse formal sobre a situação de Dourados e que não há nenhum planejamento específico, até o momento, voltado para atendimentos à situação corrente em Dourados. A realização de um plano de contingência é imprescindível em um cenário de instabilidade política e de violência policial armada, que já está colocando vidas em risco, vide as três pessoas feridas (uma delas, criança) até o momento.

É imprescindível a consciência e o apoio popular e midiático à luta indígena em Mato Grosso do Sul, visando a garantia da sobrevivência e das possibilidades de vida entre os Guarani e Kaiowá em um momento tão crítico. Não devemos jamais deixar de nos espantar com a crueldade utilizada pelo governo Riedel e pelas forças de repressão popular - no caso, a Polícia Militar -, denunciando de forma essencial seu caráter genocida e racista.

Todo apoio à luta e à resistência Guarani e Kaiowá!

Pelo direito à água, à terra e à vida!

Contra o governo genocida de Riedel!

Pelo fim da Polícia Militar!

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