“Eles nos tratam pior que animais”: a realidade dos trabalhadores da Amazon

“Eles nos tratam pior que animais”: a realidade dos trabalhadores da Amazon

Por: O Poder Popular · Trabalhadores da Amazon no Reino Unido - Imagem GMB Sindicato 

Taj Ali - Tradução de Sofia Schurig para a Jacobin Brasil

Exclusivo: chefes da Amazon forçaram os funcionários do armazém da empresa em Bristol, no sudoeste da Inglaterra, a trabalhar sem acesso à água potável e banheiros — o mais recente exemplo das práticas de emprego hiperexploradoras da empresa.

Na quinta-feira, 24 de agosto, por volta das três da manhã, uma tubulação de água estourou em Bristol, uma cidade na região sudoeste da Inglaterra. Para os trabalhadores no armazém da Amazon BRS1, isso significou a falta de acesso à água e instalações sanitárias. Na maioria das indústrias, a interrupção no fornecimento de água levaria a uma paralisação operacional. Mas para a Amazon, foi como se nada tivesse acontecido. Apesar dos apelos dos trabalhadores, eles foram instruídos a permanecer em seus postos de trabalho e continuar trabalhando.

Hannah, que trabalha no local há vários anos, disse à Tribune, revista parceira da Jacobin localizada no Reino Unido: “Às 4h30 da manhã, há um prazo para os pedidos prioritários [entrega no dia seguinte] saírem do armazém. Eu acredito que eles mantiveram as pessoas trabalhando para cumprir esse prazo, ignorando quaisquer regras de saúde e segurança, além dos direitos humanos.”

Outro trabalhador postou o seguinte no quadro de mensagens interno da Amazon: “A decisão deles foi desumana, já que a única solução era fechar a empresa e mandar os funcionários para casa. Eu me senti tratado pior do que os animais são tratados. Novamente, os gerentes mostraram que só se importam com o trabalho e com as metas, não com nossa saúde e dignidade.”

A Tribune teve acesso a uma resposta da administração no quadro de mensagens da empresa reconhecendo o problema. ‘Lamento ouvir como vocês se sentiram com os eventos desta manhã. Os gerentes reagiram aos eventos desta manhã o mais rapidamente que puderam.’

O acesso à água corrente limpa e a banheiros no trabalho são requisitos básicos de bem-estar estabelecidos pelo Health and Safety Executive (HSE), o órgão regulador nacional da Grã-Bretanha para saúde e segurança no local de trabalho. Segundo os Regulamentos de Saúde, Segurança e Bem-Estar no Local de Trabalho de 1992, todos os empregadores devem fornecer aos trabalhadores um ‘suprimento adequado de água potável e saudável’. A decisão da administração pode ser potencialmente ilegal.

Christian, que trabalhou no turno da noite, confirma as recordações de Hannah. “Não tínhamos acesso à água, além de todas as máquinas de venda automática não funcionarem, e eles fecharam todos os banheiros e nos disseram para não usá-los.”

Christian trabalha como Monitor de Piso da Amnesty (AFM). O trabalho envolve o manuseio de robôs e itens danificados, o que pode incluir derramamentos de líquidos quando ocorrem erros e falhas técnicas.

“Estava realmente movimentado nos pisos. Às 3h45, meus colegas relataram o problema com a água para o nosso líder de equipe. Ele parecia saber sobre o problema e nos disse para continuar e segurar se precisássemos ir ao banheiro”, explica Christian. “Ninguém parecia se importar. Às 4h45, depois de termos todos dito ao nosso líder que estávamos com sede e não podíamos continuar nessas condições, nosso gerente de operações de saída nos disse podermos parar. Eles mantiveram algumas pessoas nos postos até as 5h.”

Hannah explica que o local da Amazon é isolado, e os banheiros públicos fora do armazém da Amazon são difíceis de encontrar. ‘E quanto às pessoas com deficiências, mulheres grávidas ou mulheres no período menstrual?’ ela pergunta.

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