A intervenção na UFC e o sucateamento do RU

Por: Redação ·

Os interesses da administração superior da UFC mais uma vez afetam negativamente a vida e o desempenho dos estudantes!

Por núcleo da UJC na Universidade Federal do Ceará

Sabemos que para estudar, fazer ciência e trabalhar com qualidade é preciso antes ter condições básicas mínimas atendidas como, por exemplo, as necessidades alimentares. Ter acesso a uma alimentação diversificada e nutritiva é essencial para o desenvolvimento das atividades acadêmicas. Nesse sentido, o RU da UFC cumpre um papel fundamental seja para alunos da graduação, que muitas vezes passam mais de um turno dentro dos campus, seja para professores e pós-graduandos que cumprem várias horas de trabalho dentro da universidade para além do calendário letivo.

No entanto, desde pouco antes do início do calendário letivo do ano de 2022, a administração superior mostrou que não tem interesse no bom funcionamento do restaurante universitário quando tomou a decisão de não abri-lo por tempo indeterminado, decisão esta revertida após pressão da comunidade acadêmica.

Mais tarde, ao retornarmos efetivamente às atividades presenciais, nos deparamos com um RU completamente sucateado, cuja empresa responsável prestava um serviço péssimo a ponto de faltar comida inúmeras vezes. A mobilização dos estudantes dos meses de março e abril de 2022, culminando na assembleia geral, com todas suas limitações e contradições, foi fator fundamental para pressionar a reitoria a contratar outra empresa que servisse um prato decente.

A situação do suco e o acesso ao RU

Após um período de certa estabilidade a reitoria volta a sucatear o serviço do RU. Dessa vez a administração decidiu cortar o suco do cardápio além de limitar o uso do restaurante no período das férias apenas para os alunos isentos, resolvendo ignorar os alunos de graduação que não receberam o benefício, pós-graduandos e funcionários da universidade.

Sabemos que o suco cumpre um papel importante na complementação nutritiva das refeições além de contribuir para a criação de uma cultura alimentar mais rica. O seu corte significa o empobrecimento das refeições servidas no restaurante universitário. Essa restrição vem como consequência do novo contrato com a então empresa prestadora de serviços ISM, que não consta como parte do cardápio.

Além disso, a limitação do acesso ao restaurante apenas para alunos isentos durante as férias representa um ataque à permanência estudantil, dado que diversos estudantes e trabalhadores, graduandos e pós-graduandos além de funcionários no geral ainda ocupam os espaços da universidade seja para trabalhar ou estudar durante esse período. A reitoria se empenha dia a dia para que menos estudantes usufruam dos espaços da universidade. Basta desse sucateamento!

A pressão feita antes do início do ano letivo e as mobilizações de março e abril nos mostraram que os alunos, quando organizados, conseguem alcançar suas reivindicações. Fizemos isso antes e faremos de novo! Queremos acesso ao cardápio completo, sem exclusão do suco, e abertura do RU para todos durante as férias!

Preço do prato do RU

Iremos além: apesar da completa falta de transparência, característica da atual reitoria, um dos argumentos apresentados para o corte do suco é a economia no orçamento. Isso nos remete a outro problema enfrentado pelos alunos: o preço abusivo de R $3,00 por prato em contraponto ao preço antigo de R $1,10.

Sabemos que o RU é quase em sua integridade financiado pela União e o dinheiro arrecadado nos guichês é apenas uma segunda fonte de arrecadação, uma fonte auxiliar. É importante ressaltarmos que esse aumento apresenta indícios de ilegalidade, dado que são cobrados dois valores diferentes pelo mesmo serviço: R $3,00 no guichê e R $1,10 por meio eletrônico. O meio de pagamento não pode ser motivo de um aumento tão absurdo e, caso seja necessário, o mais caro deveria ser o pagamento eletrônico, não no guichê. Portanto, para onde vai esse dinheiro? Economia de recursos ou desvio de dinheiro? Queremos respostas!

Portanto, acrescentamos aos pontos anteriores: pela volta do preço de R $1,10 já!

O caráter político da reitoria

Toda decisão administrativa em uma instituição pública é também, em menor ou maior grau, uma decisão política. Ao decidir de forma unilateral o corte do suco do RU e o aumento do preço do prato, além de limitar o acesso apenas para alunos isentos, a reitoria decidiu priorizar interesses administrativos em detrimento do melhor funcionamento da universidade.

A reitoria abriu mão do investimento necessário para o bom desenvolvimento da ciência e tecnologia enquanto se vangloria nas redes sociais como o responsável por “melhorias” estruturais na universidade, se colocando também como precursor da construção de um Parque Tecnológico que custará parte significativa dos recursos da universidade que  beneficiará apenas empresas privadas.

A atual reitoria veio para operar o desmonte da universidade e ser a ponta de lança da política neoliberal de Paulo Guedes e toda corja do governo federal bolsonarista. Suas decisões são reflexo direto da aberração econômica da EC 95 que congela investimentos públicos por 20 anos e estrangula a capacidade das universidades de melhores investimentos em sua estrutura.

Acabar com esse sucateamento passa por exigir o fim da EC 95 e pela derrota do bolsonarismo e do neoliberalismo, a mesma linha política da atual reitoria da UFC.

Nesse sentido, por tudo que essa atual reitoria representa, convidamos os alunos a se organizarem e reivindicarem o direito a uma refeição digna, a investimentos reais na ciência e na estrutura da universidade que sirva à comunidade acadêmica.

Levamos essas bandeiras para o dia 11 de agosto (dia do estudante) nas ruas!

Fora Cândido!

Fora Bolsonaro!

Pelo fim da EC 95!

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