Por aumento salarial e jornada de 32 horas, trabalhadores de montadoras dos EUA entram em greve
Câmara de Comércio dos EUA culpa o presidente Joe Biden e Ford diz não poder atender aos pedidos
Pedro Paiva - Brasil de Fato - Nova York (EUA)
Às 23:59 de quinta-feira (14), o Sindicato dos Trabalhadores Automotivos dos Estados Unidos (UAW, na sigla em inglês) entrou em greve. A paralisação é histórica pois inclui trabalhadores das 3 grandes montadoras estadunidenses, conhecidas como as “3 grandes de Detroit”.
O UAW representa 146.000 trabalhadores no país, mas a tática da greve é de paralisação parcial. Na manhã desta sexta-feira (15), três fábricas foram fechadas, uma em Missouri, outra em Ohio e a terceira em Michigan. Juntas, elas contam com 12.700 trabalhadores. A ideia é impossibilitar a linha de produção a partir do não fornecimento de peças específicas.
O que querem os trabalhadores
Dentre as demandas dos grevistas está a redução da jornada semanal de 40 horas para 32 horas, ajustes de custo de vida, melhorias nas pensões dos aposentados e o aumento dos salários em 40%.
O CEO da Ford Motors, Jim Farley, afirmou que um aumento tão grande nos salários levaria a empresa à falência. O número, porém, representa a média do aumento salarial dos CEOs das 3 empresas (Ford Motors, General Motors e Stellantis) nos últimos 4 anos. Os trabalhadores, por outro lado, tiveram um aumento de apenas 6%.
O que as empresas ofereceram
Durante as negociações, as 3 empresas ofereceram entre 17,5% e 20% de aumento. O valor, porém, não foi visto como suficiente pelo sindicato. Shawn Fain, o presidente do UAW, foi eleito no início do ano. Em entrevista, durante a campanha, ele afirmou que era “o fim do sindicalismo empresarial, onde as empresas e o sindicato trabalham juntos de forma amigável, porque não tem sido bom para os nossos associados”.
A greve é histórica e, dependendo da duração, pode ter um impacto profundo nos números da economia. Rapidamente, a Câmara de Comércio dos EUA, um dos principais grupos lobistas empresariais, culpou o presidente Joe Biden pelas paralisações nas fábricas.
“A greve do UAW e, na verdade, o ‘verão das greves’ é o resultado natural da abordagem de ‘todo o governo’ da administração Biden para promover a sindicalização a todo custo”, afirmou a presidente da Câmara de Comércio dos EUA em uma declaração.
A CEO da General Motors, Mary Barra, afirmou estar frustrada e desapontada, dizendo que não precisavam de uma greve neste momento, ressaltando a posição da empresa de ter, segundo ela, colocado uma oferta histórica na mesa de negociação.
A força do sindicato
O UAW está preparada para o embate. O sindicato prometeu um pagamento de salários semanais de US$ 500 para todos os trabalhadores em greve acrescido dos custos de planos de saúde. Para arcar com os altos custos, o sindicato possui em caixa US$ 875 milhões.
Edição: Thales Schmidt
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