Protestos e greve após assassinato de rapaz palestino por forças israelenses
Publicado originalmente em AbrilAbril, em 23 de fevereiro de 2022
Autoridades palestinas e grupos da resistência condenaram o assassinato do terceiro jovem na Cisjordânia no espaço de dez dias, pelas forças de ocupação. Em Belém, foi decretada uma greve de 24 horas.Soldados israelenses mataram a tiro, nesta terça-feira, 22/02, Mohammad Shehadeh, de 14 anos, na localidade de al-Khader, perto da cidade de Belém, conforme revelou o Ministério palestino da Saúde, que pediu uma investigação internacional sobre o caso.
O jovem foi atingido e ficou gravemente ferido durante confrontos com as forças israelenses, que realizaram uma incursão em al-Khader. De acordo com uma fonte local, citada pela agência WAFA, os soldados dispararam contra Shehadeh antes de o deterem; posteriormente, impediram que as ambulâncias chegassem perto da vítima.
Após o assassinato, o primeiro-ministro palestiniano, Muhammad Shtayyeh, afirmou que Shehadeh é uma nova vítima do terrorismo de Estado praticado por Israel. Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros condenou a execução e pediu à comunidade internacional que barre as ações de Israel. Por seu lado, a Jihad Islâmica afirmou que «o assassinato de um rapaz palestino a sangue-frio corporiza o terrorismo e a agressão contra o povo indefeso da Palestina», enquanto o Hamas destacou «a brutalidade e as ações de terrorismo do regime sionista contra a nação palestina».
Ao assassinato seguiram-se manifestações de protesto em al-Khader e no campo de refugiados de Dheisheh, nos arredores de Belém. Hoje (23/02), a cidade no Sul da Cisjordânia ocupada encontra-se paralisada, com escolas, lojas e outros estabelecimentos encerrados para denunciar a morte de Mohammad Shehadeh.
Segundo refere a Prensa Latina, apenas abriram as portas os centros hospitalares, depois de um acordo alcançado entre diversos partidos palestinianos.Corpos de nove menores palestinos retidosIsrael continua a reter os corpos de nove menores palestinos mortos pelas suas forças, violando o direito internacional, afirmou nesta terça-feira o grupo Defense for Children International – Palestine (DCIP).
O direito internacional «inclui a proibição absoluta de tratamento cruel, desumano ou degradante, e estipula que as partes num conflito armado devem enterrar os mortos de forma honrosa», afirmou o DCIP, citada pela PressTV. «Isso enquadra-se na política de punição coletiva praticada pela ocupação [israelense] contra o povo palestino, e o dano causado às famílias dos mártires, daí resultante, equivale a uma punição coletiva que viola o direito internacional humanitário», acrescentou.
Os nove jovens e adolescentes palestinos referidos pelo DCIP foram mortos entre 2016 e dezembro do ano passado; os mais jovens tinham 15 anos.Desde 1967, Israel criou «cemitérios para os mortos inimigos» ou «cemitérios de números» em áreas militares fechadas, onde mantém os corpos de palestinos que foram mortos durante a luta de libertação contra a ocupação israelense na Margem Ocidental, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza.
Em dezembro último, a DCIP afirmou que 2021 foi o ano mais mortífero para as crianças palestinas desde 2014, tendo registrado a morte de 76, pelas forças israelenses, nos territórios ocupados e na Faixa de Gaza cercada.
- Editoriais
- O Jornal