Ricardo Nunes e o avanço eleitoreiro e predatório da burguesia
Douglas Santana (UJC/SP - Núcleo Zona Sul)
O lacaio da burguesia e prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), é quase desconhecido nos morros e vielas da capital paulista, mas tenta de todas as maneiras mudar esse cenário. Desde o mês de agosto de 2023, podemos observar avanços eleitoreiros, disfarçados de obras em benefício da população, em curso com o objetivo de aumentar a baixíssima popularidade de Nunes.
No chamado “Triângulo da Morte”, apelido dado para os distritos do Jd. São Luís, Capão Redondo e Jardim Ângela durante os anos 1990, do Extremo-Sul de São Paulo, encontramos um dos focos da campanha emedebista. Segundo reportagem d’O Estado de São Paulo, veículo midiático à serviço das elites, os entornos da Estrada do M’boi Mirim lideraram o ranking de obras de recapeamento na cidade em 2023. No entanto, essas “melhorias” feitas de maneira apressada, pouco planejadas, causaram e ainda causam mais danos à população que depende da avenida do que benefícios. No período, as obras feitas durante a noite causaram quilômetros de trânsito, atrasando a volta para casa e diminuindo o pouco tempo de descanso que o trabalhador tem. Feitas com material de baixa qualidade, a avenida já voltou a ter buracos.
As obras de duplicação da M’boi Mirim são promessa da administração paulistana desde 2011,que ainda estava sob o governo Kassab, e representam desejo antigo da população local, estão novamente sendo usadas de forma eleitoreira com reinício já anunciado pela prefeitura mas seguem praticamente paradas, atrapalhando o dia-a-dia da população que enfrenta congestionamentos quilométricos nos horários de pico.
As chuvas que destruíram casas e prédios na capital paulista e em sua zona metropolitana ainda no início de novembro de 2023 também foram responsáveis por expor a falta de manutenção, as falhas sistemáticas na atuação e o despreparo da concessionária predatória, a italiana ENEL. A população do extremo-sul paulistano foi extremamente afetada, diversos locais, como o Jardim Souza, ficaram até seis dias sem energia elétrica. Se para moradores de áreas centrais da cidade, os prejuízos com a perda de alimentos e eletrodomésticos são difíceis de contornar, para os habitantes das periferias que os conquistaram a duras penas e em infinitas prestações, tal manobra se torna uma tarefa quase impossível. Com a certeza da impunidade da prestadora de serviços italiana, a população fechou vias importantes para protestar contra a falta de eletricidade que também atingiu escolas e serviços essenciais de saúde na região. Nesse contexto, Ricardo Nunes não pôde perder a oportunidade de colocar uma falsa bravata contra a empresa privada.
Em sua mais nova cartada, desde dezembro de 2023, o desconhecido prefeito cuidou de cooptar uma pauta tradicionalmente ligada aos movimentos progressistas aplicando a tarifa zero nos transportes públicos aos domingos, feriados em horários de baixo fluxo de passageiros. No entanto, essa “benesse” não veio sozinha e o aumento no preço das passagens em R$ 0,50 foi um duro golpe no direito de acesso à cidade para os moradores da periferia.
Tais acontecimentos podem fazer parecer que o prefeito está defendendo os interesses da classe trabalhadora em uma análise superficial, no entanto, são bandeiras usadas para enganar a população que busca por melhorias concretas em sua qualidade de vida depois de décadas de pequenas vitórias e grandes derrotas substanciais. O prefeito busca manter o poder político na cidade nas mãos da burguesia paulista e dificultar a luta popular por direitos básicos e a emancipação de nossa classe.
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